BRT

Prefeitura do Rio apresenta plano de substituição gradual da frota do BRT

08/11/2021 - G1 Rio e Bom Dia Rio

Por Alba Valéria Mendonça e Nathália Castro

O processo é implantado nove meses depois da intervenção do município no sistema. A ação prevê a troca progressiva dos coletivos que até o início de 2023 passarão dos atuais 200 para 515 ônibus, sendo 62 deles elétricos.

A Prefeitura do Rio apresenta, nesta segunda-feira (8) o plano de substituição gradual da frota de ônibus utilizada no BRT e de requalificação do sistema. O processo é implantado nove meses depois da intervenção do município no BRT.

Até o segundo semestre de 2022 e o início de 2023, o sistema vai passar a contar com 515 ônibus articulados e biarticulados - de 18m, 21m e 23m - sendo 62 ônibus elétricos do modelo padrão. Os ônibus elétricos vão circular no corredor da Avenida Cesário de Melo, que é menor, propiciando mais agilidade no serviço, com intervalos menores.

Na nova frota, os ônibus do BRT terão: GPS, Bloqueador de portas abertas, Telemetria (para análise de desempenho), Videomonitoramento, Piloto automático (para evitar acidentes), Medidor de velocidade e Segurança interface do condutor.

Haverá uma audiência pública sobre essa requalificação do sistema no próximo dia 17. E a licitação para aquisição da nova frota será aberta até o fim de novembro. Em 15 de dezembro haverá uma nova audiência pública na Câmara Municipal sobre a licitação para a operação do sistema, com abertura da licitação prevista para janeiro de 2022.

De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes, ao assumir a prefeitura no início do ano, o prefeito Eduardo Paes encontrou o sistema sucateado, com uma frota de apenas 120 ônibus circulando em precárias condições, vias em péssimas condições e 46 estações fechadas.

A prefeitura então promoveu uma intervenção do sistema, aumentou a frota para 200 ônibus em circulação e recuperou e reabriu 37 estações. Até o fim do mês as nove estações restantes devem ser reabertas.

Novo sistema BRT

- Repavimentação do corredor Transoeste
- Estações mais amplas, com bicicletário
- Aumento das conexões entre os corredores Transoeste, Transcarioca e Trasolímpica
- Implantação de Terminal Gentileza, do corredor Transbrasil, com integração com VLT e outros modais

A secretária de Transportes Maína Celidônio destacou que o novo sistema de gestão vai separar a provisão e locação da frota e a operação do sistema. Ou seja, uma concessionária ficará responsável por comprar e substituir os ônibus - articulados e elétricos - que serão alugados pela prefeitura. A outra ficará responsável pela operação dos corredores exclusivos: Transoeste, Transcarioca, Transolímpica e futuramente, Transbrasil.

Segundo ela, o novo modelo de gestão adotado com sucesso em Bogotá, na Colômbia e em Santiago, no Chile, proporciona uma qualidade melhor do serviço prestado à população, com mais organização do sistema e um controle melhor por parte da prefeitura.

"A gente vai reabrir o terminal da Transbrasil, fazer várias conexões entre os corredores, repavimentação total da Transoeste, obras na estações pouco dimensionadas. A principal inovação desta licitação é a separação entre a provisão da frota e a operação dessa frota.

Além do sucateamento da frota e da superlotação, o sistema BRT vem enfrentando problemas com vandalismo, violência e calotes.

A secretária destacou que também que já está em curso desde outubro a licitação mais importante para o sistema de transportes que é a da bilhetagem digital, que terá em 7 de dezembro a abertura dos envelopes com as propostas. E está criando a câmara de compensação tarifária, que vai permitir equilibrar as contas entre as linhas deficitárias e as lucrativas, melhorando o sistema como um todo, e separando o sistema BRT dos sistema dos ônibus comuns.

"A gente precisa urgentemente de uma nova frota. Os ônibus do BRT estão no limite da vida útil. A gente quer atrair para a provisão da frota, fabricantes, encarroçadoras, empresas de energia, gestores de ativos. Um concessionários que tenha muita saúde financeira para comprar essa frota e alugar para o município. Outra novidade, o Rio vai dar as garagens públicas - Deodoro, Cesarão, Fundão e Magarça - o que pode atrair empresas de fora do estado e até de fora do Brasil, trazendo mais competitividade para o setor de transportes".

Maína disse que a remuneração a esse concessionário, pelo novo modelo vai ter contrato de cinco anos, podendo ser renovado por mais cinco. Além do mais a prefeitura vai passar a pagar o aluguel unitário dos ônibus pelo custo do quilômetro rodado e não mais apenas por passageiro pagante. A prefeitura calcula que deva gastar em torno de R$ 150 milhões por ano.

"Hoje só a remuneração por passageiro pagante incentiva o concessionário a buscar a superlotação, competição com outras linhas. Com o modelo de remuneração híbrido, com o custo por quilômetro, a gente estimula a ter mais ônibus circulando e melhora a qualidade do serviço para o usuário. E com isso vai aumentar quantidade de passageiros pagantes. Com esse modelo vamos garantir ao operador que ele vai ser receber", disse a secretária.

Maína destacou também que a intenção é ter três operadores. Com isso, se uma empresa não estiver bem, o serviço poderá ser prestado pelas outras duas, com experiência no sistema BRT, sem prejuízo para o passageiro.

O prefeito Eduardo Paes citou o sistema BRT como uma das razões para retornar à prefeitura. Ele lembrou que o sistema passou por graves crises e enfrentou críticas severas e admitiu rever alguns pontos.

"Vamos corrigir vários erros. Percebemos que é impossível fazer o sistema funcionar sem subsídio. No novo modelo de gestão vamos garantir o aporte importante ao sistema e dar tranquilidade para quem quiser participar da operação. Recuperar o BRT é uma demanda urgente do Rio. Encontramos esse importante sistema de mobilidade urbana sucateado, abandonado com um terço das estações destruídas. A sociedade cobra uma resposta rápida. Fizemos a intervenção, em dezembro já vamos ter encerrado um primeiro ciclo com a transparência na bilhetagem e vamos entrar no segundo ciclo da provisão e depois da operação da frota. Vamos trazer de volta a dignidade e o conforto no transporte para a população", disse Paes.





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