Relâmpago


Viação Relâmpago S.A.
1944 - 1957

Histórico

Empresa de transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal, fundada em 1944 na cidade do Rio de Janeiro pela firma  Abreu Teixeira & Cia. Ltda. com nome fantasia Viação Relâmpago.

Em outubro de 1944, em parceria com a Empresa Ônibus de Luxo, com frota de 28 ônibus, inaugura sua primeira linha de ônibus, a 102 (Praça Sáenz Peña - Praça Duque de Caxias), com o seguinte itinerário: Praça Duque de Caxias (Largo do Machado), Cattete, Largo da Glória, Beira Mar, Largo da Lapa, Passeio, Treze de Maio, Largo da Carioca, Uruguaiana, Presidente Vargas, Praça da Bandeira, Mariz de Barros, Almirante Cochrane, Praça Sáenz Peña.

Em 1945, operava uma única linha de ônibus, a 102 (Praça Sáenz Peña - Praça Duque de Caxias).

Em setembro de 1946, quando operava as linhas 102 (Praça Sáenz Peña - Praça Duque de Caxias) e 64 (Castelo - Ipanema), transportava mensalmente cerca de 500 mil passageiros.

Em primeiro de novembro de 1946, inicia suas operações na linha 3 (Castelo - Ipanema), substituindo a Limousine Federal.

Em 16 de dezembro de 1946, inaugura a linha 103 (Tijuca - Ipanema) com frota de 6 ônibus importados dos Estados Unidos, sendo 4 GM Coach e 2 White. A linha tinha o seguinte itinerário: Praça Sáenz Peña, Almirante Cochrane, Mariz e Barros, Praça da Bandeira, Presidente Vargas, Rio Branco (volta pela Uruguaiana), Beira Mar, Oswaldo Cruz, Praia de Botafogo, Mourisco, Pasteur, Wenceslau Braz, Túnel Novo, Nossa Senhora de Copacabana, Francisco Sá, Gomes Carneiro, Visconde de Pirajá até o Bar 20. Aguardava-se a chegada de mais 14 ônibus, sendo 8 White e 6 GM Coach, completando a frota da linha. Cada ônibus custava cerca de 20 mil dólares.

A Cruz, 29/12/1946, p.2


Os Gostosões

Até 1946 a capacidade máxima dos ônibus na cidade era de 39 passageiros. Nesse ano entra em operação, pela Viação Relâmpago os primeiros veículos de maior capacidade, importados dos Estados Unidos, modelo GM Coach, com motor central e capacidade para 80 passageiros. Logo foram apelidados pela população de Gostosões, em função de sua beleza e conforto. Em 1948 a cidade já contava com cerca de 100 ônibus do tipo.

Apresentação dos novos ônibus Yellow Coach ao Conselho Municipal em 1946

Automóveis e Acessório, Junho/1947, p.52

Linha 114 (Estrada de Ferro - Leblon) em 1948. Foto Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã


Em 27 de janeiro de 1948 a empresa foi transformada em sociedade anônima com 18 acionistas, relacionados a seguir, a maioria residentes na cidade de São Paulo:

Adib Féres, brasileiro, residente em São Paulo
Alberto de Sampaio Ferraz, brasileiro
Antonio Armando Magalhães, português, residente em São Paulo
Arrigo Zanin, italiano, residente em São Paulo
Artur Brandi, italiano
Benedito Cardoso, brasileiro, residente em São Paulo
Corrado Brandi, italiano, residente em São Paulo
Donato Sergio Zanin, brasileiro, residente em São Paulo
Enrique Baez, cubano
Fernando de Abreu Teixeira, brasileiro
Giocondo Gambaro, italiano, residente em São Paulo
José Viglietti, italiano, residente em São Paulo
Licio da Rocha Miranda, brasileiro, residente em São Paulo
Lucila de Morais Barros Granja, brasileira, residente em São Paulo
Mario de Sampaio Ferraz, brasileiro
Nelson de Almeida, brasileiro
Robespierre Mario Pio Tosi, brasileiro
Tito Mascioli, italiano, residente em São Paulo

O Diretor-Presidente da empresa era Alberto de Sampaio Ferraz, brasileiro residente no Rio de Janeiro. Quando foi transformada em sociedade anônima  a Viação Relâmpago tinha frota de 58 ônibus, a saber:

20 ônibus Chevrolet chassi 194, sendo 19 com carroceria General Motors e um com carroceria Grassi, cada um com 26 lugares e motor Hercules Diesel 4 cilindros

10 ônibus Coach de 40 lugares com carroceria General Motors Coach Pontiac como motor GMC 6 cilindros

10 ônibus chassi Internacional KD7 com carroceria Caio de 30 lugares e motor Buda 6 cilindros

10 ônibus chassi White 22 com carroceria Caio de 37 lugares e motor Hercules Diesel 6 cilindros 

3 ônibus White 114 de 33 lugares, sendo um com carroceria GM e motor Hercules diesel 6 cilindros, e dois com carroceria Grassi e motor Hercules disel 6 

5 ônibus com chassi GMC 503 carroceria Grassi 38 lugares sem motores e sem licenças.

Em meados de 1948, inaugura a linha 56 (Castelo-Forte de Copacabana).

Linhas em novembro de 1948

3             Castelo - Ipanema
56           Castelo - Forte de Copacabana
64           Castelo - Ipanema
102         Praça Sáenz Peña - Praça Duque de Caxias
103         Praça Sáenz Peña - Ipanema
114         Estrada de Ferro - Leblon

Em dezembro de 1948, inaugura a linha 28 (Candelária - Uruguay) e no ano seguinte a linha 108 (Uruguay - Leblon) via Jockey.

Em 31 de outubro de 1949, inaugura a linha 108 (Uruguay – Leblon), com frota de 16 ônibus.
 
Linhas em dezembro de 1949

3              Castelo - Leblon 
28            Candelária - Uruguay
56            Castelo - Forte de Copacabana
64            Castelo - Leblon
102          Sáenz Peña - Largo do Machado
103          Sáenz Peña - Leblon  
108          Uruguay - Leblon, via Jockey 
114          Estrada de Ferro - Leblon, via Túnel Novo e Lagoa  
    
Em fevereiro de 1949, segundo uma matéria do matutino O Jornal, as empresas com maior frota de ônibus da cidade eram: Estrella do Norte com 113 veículos, Viação Relâmpago com 72, Viação Carioca com 58, Viação Vitória com 55, Viação Universal com 39 e Limousine Federal com 38.

A partir do dia 30 de julho de 1951, as linhas 3 e 114 passam a seguir entre a Praia de Botafogo e Copacabana pelas ruas da Passagem, General Polidoro, Real Grandeza, Túnel Alaor Prata e rua Siqueira Campos.

Em outubro de 1951, segundo a pesquisa "Quais as maiores de 1951" promovida pela Sociedade Informativa da Imprensa Interamericana, a Viação Relâmpago foi considerada a empresa de maior conforto e que melhores serviços prestava a cidade.

Diário da Noite, 25/10/1951, p.17


Em março de 1952, seguindo novo plano de transportes da Prefeitura, os pontos finais das linhas 56 (Castelo-Forte de Copacabana) e 103 (Praça Sáenz Peña - Ipanema) foram  transferidos de Ipanema para o Leblon.

Em 10 de junho de 1952, o carro nº 8-3-93 da linha 64 (Castelo – Leblon), modelo Twin Coach, incendeia-se na rua Barata Ribeiro, sem causar vítimas. Foi o segundo ônibus da empresa, do mesmo modelo, incendiado.


Largo da Carioca, em 17/02/1952. Linha 102 (Sáenz Peña – Largo do Machado). 
Foto Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro


Em 1953, foram suspensas as primeiras duas linhas da empresa, a 3 e a 56, em consequência da política imposta pela CEXIM (Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil) desde o final da guerra, que dificultou a importação de peças indispensáveis à manutenção dos veículos visando beneficiar a indústria nacional. Em março de 1953 a empresa contava com frota de 96 ônibus, sendo 75 em condições de operação.

A operação da linha 56 (Castelo-Leblon) foi suspensa, sem aviso prévio, em 3 de março de 1953, por falta de material rodante. Era a única linha de ônibus que passava na rua Francisco Otaviano. 

Linhas em julho de 1953

28            Candelária - Uruguay
64            Castelo - Leblon                
102          Sáenz Peña - Largo do Machado                            
103          Sáenz Peña - Leblon              
108          Uruguay - Leblon  
114          Estrada de Ferro - Leblon

Em 1954, é extinta a linha 64 (Castelo-Leblon).

Em junho de 1954 ponto final da linha 103 (Saénz Peña-Leblon) é transferido da Praça Sáenz Peña para a Praça Barão de Drummond em Villa Isabel, reforçando os serviços da Viação Independência. A linha, no entanto, teve vida curta, sendo extinta em abril de 1955.

Em abril de 1955, o itinerário da linha 114 (Estrada de Ferro-Leblon) é transferido da rua General Polidoro para as ruas São Clemente e Bambina, atendendo a falta de transporte naquele trecho.

Em 1955, em função da dificuldade de importação de peças, imposta pelo próprio governo federal desde 1953, junto com a concorrência predatória dos lotações, a emprese vende 40 de seus ônibus, resultando no fim da operação das linhas 28 (Candelária - Uruguay) e 103 (Barão de Drummnond - Leblon).

Diário da Noite, 13/08/1955 p.3


Em meados de 1956, é inaugurada a linha 73 (Maxwell-Lapa) extinta em dezembro de 1957.


Imprensa Popular, 18/07/1956, p.6.


No segundo semestre de 1956 é extinta a linha 108 (Aldeia Campista - Leblon) via Lapa. No primeiro semestre do ano seguinte, em função da Prefeitura permitir o licenciamento de 180 novos lotações entre o Centro e a Zona Sul, a empresa  abandona a operação linha 114 (Estrada de Ferro-Leblon) via Jockey.

Em 1956, a empresa vende 29 ônibus GM Coach para a Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) da cidade de São Paulo. No ano seguinte, são vendidos mais 18 ônibus do mesmo modelo e 15 Twin Coach, totalizando 62 veículos.




Em dezembro de 1957, a empresa encerra suas atividades ao suspender a operação de suas duas últimas linhas, a  73 (Maxwell-Lapa) e 102 (Praça Sáenz Peña-Largo do Machado), assumidas respectivamente pelas empresas Nacional e consórcio Turi e Emo.

Triste fim de uma das empresas mais sólidas e organizadas da cidade, extinta em função de desmandos do próprio governo, em todas suas esferas, que deveriam zelar pela qualidade do sistema de transportes.


Linhas da Empresa


Automóvel Club, junho 1949


Garagens:

Avenida Presidente Vargas, 2.282
Rua Maxwell, 516-520


REFERÊNCIAS:

Uma nova emprêsa de ônibus. A Manhã. Rio de Janeiro. 14 outubro 1944. p.5.

Mais uma linha de ônibus. O Jornal. Rio de Janeiro. 14 outubro 1944. p.5.

Inaugurou-se hoje a linha 3 Castelo - Ipanema. A Noite. Rio de Janeiro. 1 novembro 1946.

Manifesto de Incorporação. Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 16 setembro 1946. 

A linha 3 será restabelecida. A Noite. Rio de Janeiro. 03 outubro 1946. p.3.

Mais uma linha de ônibus de luxo a serviço dos cariocas. A Cruz. Rio de Janeiro. 29 dezembro 1946. p.2.

Cento e oito ônibus vão ser retirados de tráfego. O Jornal. Rio de Janeiro. 13 fevereiro 1949. p.9.

Incendiou-se o ônibus em plena rua. O Jornal. Rio de Janeiro. 26 outubro 1949. p.5.

Os proprietários das empresas de ônibus a favor da redução de paradas na Avenida. O Jornal. Rio de Janeiro. 01 dezembro 1949.p.9.

Viação Relâmpago S.A. Correio da Manhã. Rio de Janeiro. 28 julho 1951. p.2.

Fora do tráfego os ônibus da linha 56. Última Hora. Rio de Janeiro. 04 março 1953. p.9.

Retirada do tráfego a quarta parte dos ônibus do Distrito Federal. Diário Carioca. Rio de Janeiro. 24 março 1953. p.1.

Foi fiscalizar o horário dos ônibus. Última Hora. Rio de Janeiro. 15 julho 1953. p.2.

Novo sistema do serviço de ônibus. 01 abril 1955.

Suprimida a linha 103. Diário da Noite. Rio de Janeiro. 04 abril 1955. Primeira seção, p.4.

Ameaça de colapso no serviço de ônibus na época do Congresso Eucarístico. Diário da Noite. Rio de Janeiro. 25 abril 1955. p.2.

Paralisação gradativa dos ônibus em vista das dificuldades de peças. O Jornal. Rio de Janeiro. 02 julho 1955. p.8.

Está morrendo na cidade o ônibus do carioca. 05 agosto 1955

Desapareceriam linhas 73 e 102. Jornal do Brasil. 17 dezembro 1957. p.11.

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