19/06/2017 - O Globo
Mesmo feita com concreto, via apresenta rachaduras e buracos
POR STÉFANO SALLES
Chão rachado. Trecho da pista do BRT Transcarioca afunda, em meio a rachaduras, na Rua Cândido Benício, próximo à saída do mergulhão, na estação Campinho - Fabio Rossi / Agência O Globo
RIO - No último dia 1º, o BRT Transcarioca, que liga o Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, ao Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, cruzando 13 bairros da Zona Norte, completou três anos de funcionamento. A obra é um dos legados deixados pelos Jogos Olímpicos Rio-2016, mas já apresenta problemas operacionais e sinais de degradação que preocupam motoristas e passageiros com relação à segurança.
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Na última sexta-feira, a equipe do caderno Zona Norte visitou alguns pontos considerados problemáticos pelos usuários do sistema e viu o desgaste da estrutura. O corredor, mesmo feito de concreto, para suportar veículos mais pesados sem o desgaste que o peso provoca com mais facilidade no asfalto, apresenta danos em diversos trechos. Na Rua Cândido Benício, na saída da estação Campinho, no sentido Praça Seca, um trecho da pista está rachado e ela parece afundar, na saída do mergulhão.
Passageira regular da linha, que utiliza para chegar diariamente ao trabalho, na Ilha do Governador, a atendente comercial Luana Barbosa diz que o problema não é novo.
— Já tem uns meses que a pista está assim e não recebe manutenção. Fico preocupada, porque o corredor foi concebido para que os ônibus trafegassem em alta velocidade. E são veículos grandes, então, é necessário tomar cuidado para evitar um desastre aqui — afirma.
Na saída da estação Ibiapina, na Penha, um grande buraco no meio da pista força os veículos a reduzirem a velocidade ao se aproximarem da área. Esse trecho foi inaugurado depois do primeiro: em outubro de 2014. Há também rachaduras no solo, na entrada do viaduto de saída da estação Cacique de Ramos, no sentido Galeão.
Um passageiro, que prefere não ser identificado, lembra a existência de outro problema que põe em risco a segurança de quem utiliza o serviço.
— Em frente à Avenida Brasil, diversos passageiros e usuários de crack obrigam os motoristas a pararem os veículos onde querem descer. É entre a Maré a e a Santa Luzia. Por causa da passarela que fica ali, dizem que é a estação Caracol. Já houve caso em que o motorista não parou no local e, poucos metros adiante, o ônibus foi destruído — explica.
Buraco. Problema está na saída da estação Ibiapina, na Penha - Fabio Rossi / Agência O Globo
Alvo constante de depredações em áreas cercadas por comunidades controladas pelo tráfico de drogas, as estações também sofrem com problemas de caracterização que ampliam a sensação de insegurança dos passageiros. As estações Cacique de Ramos, Cardoso de Moraes e Santa Rita, por exemplo, não têm mais vidros. São frequentes também as queixas sobre moradores que utilizam o serviço sem pagar e baderna dentro dos veículos, como relata o universitário Lucas Rodrigues.
— Há uma grande sensação de insegurança dentro do BRT Transcarioca, que passa por áreas perigosas, onde há ausência das instâncias de governo, e tudo costuma piorar ao anoitecer. Antes, o principal risco eram os crimes cometidos dentro das estações ou do ônibus. Agora, há perigo também na via por onde ele passa — afirma.
De acordo com a Secretaria municipal de Transportes, os problemas relatados são responsabilidade da Secretaria municipal de Meio Ambiente e Conservação (Seconserma). A Secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos informou que, ao longo do ano, já realizou oito ações no viaduto da Avenida Brasil, e que 18 pessoas foram acolhidas nas ações. O órgão reforçou ainda que, como a legislação proíbe a internação compulsória, os usuários de drogas só podem ser encaminhados aos abrigos por livre e espontânea vontade.
O consórcio responsável pela operação do BRT informou que o vandalismo é um problema constante das estações. Por meio de nota, informa: “No dia 26 de julho de 2015, apenas cinco dias depois de ter sido totalmente restaurada, a estação Cacique de Ramos voltou a ser atacada. Na segunda vez, além das pichações, foram roubados equipamentos necessários para a segurança viária do sistema de ônibus exclusivos: a câmera que acompanha a circulação dos ônibus no sentido Galeão, dois sensores, que sincronizam a abertura de portas da estação com a chegada do ônibus, e um semáforo que informa ao motorista sobre a abertura das portas. A troca de vidros das três estações citadas ocorreu na semana passada. A previsão é que nova troca aconteça na próxima semana, mas isso depende do estoque. Como a demanda provocada por vandalismo é grande, algumas vezes não há tempo hábil para repor o material no estoque”, explica o documento.
Por meio de nota, a Seconserma informa que as equipes da secretaria já realizam o levantamento dos reparos necessários para a via. As ações serão incluídas na programação de serviços do corredor Transcarioca.
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