Reorganização confunde cariocas

17/12/2015 - O Globo

O processo de reorganização das linhas de ônibus que passam pela Zona Sul tem deixado muitos usuários confusos. Na mais recente alteração, realizada no último sábado, seis linhas foram extintas (511, 512, 569, 570, 573 e 574) e duas foram criadas (Circular 1 e Circular 2). Além disso, a linha 513 teve seu trajeto prolongado até o Humaitá — antes o ponto final era em Botafogo.

Os usuários reclamam principalmente é da falta de informação. Desde que as alterações começaram, em outubro, usuários se queixam de falhas na comunicação.

— Não há qualquer informação sobre as mudanças. O novo sistema está péssimo. Além de tudo, os ônibus não param nos pontos em que deveriam parar — conta a servidora pública Cláudia Siqueira, que, após conversar com a equipe do GLOBO-Zona Sul, fez sinal para um Troncal 1 no BRS 2 Figueiredo Magalhães e o viu passar direto pelo ponto.

Outro a sofrer com a modificação foi o jornalista Thiago Pontes. Morador de Copacabana, ele ficou parado muito tempo no ponto da Rua Barata Ribeiro até descobrir que a nova linha para a Barra da Tijuca passava pela Avenida Atlântica:

— Não mudou muito em relação à espera ou ao tempo de viagem. O problema é que tudo foi muito mal comunicado. Todo mundo ficou perdido.

A viagem até alguns bairros também ficou mais complicada. É o que conta Igor Oliveira, morador de Realengo.

— Está muito mais difícil chegar a Ipanema. Quem antes já pegava dois ônibus, agora precisa pegar três. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), a responsabilidade de alertar os passageiros sobre mudanças em pontos e trajetos de linhas cabe ao Rio Ônibus, o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro.

Por sua vez, o Rio Ônibus afirmou, por meio de sua assessoria, que mantém equipes de maneira permanente em 15 locais da Zona Sul. O sindicato também informou que folhetos explicando as mudanças foram colocados em todos os pontos da cidade por onde passam linhas que tiveram seu trajeto alterado. Ainda segundo o Rio Ônibus, todo o planejamento foi montado pela SMTR e que, se for necessário, pode haver deslocamento de funcionários para outras localidades.

No entanto, apesar de planejada, a mudança na linha 513, ocorrida no último sábado, deixou alguns furos. Principalmente para quem seguia rumo ao Instituto Benjamin Constant, na Urca. É que última parada do ônibus ficava em frente à estação de metrô de Botafogo, algo que facilitava a ida de pessoas com deficiência visual à instituição. Agora, eles têm que caminhar até outro ponto, que não é mais exclusivo da linha.

— O problema de mobilidade piorou consideravelmente. Além da presença dos despachantes que nos ajudavam, só tinha o 513 parado. Não tinha erro. Como colocaram ele em um ponto por onde passam outros ônibus, a chance de pegarmos a linha errada aumentou muito — conta Vanderson Pereira, funcionário do setor de imprensa braile do instituto.

Em nota, a SMTR informa que o ponto de ônibus do 513 "foi realocado para a Rua Voluntários da Pátria por (esta) reunir as melhores condições técnicas”. A declaração também afirma que "a escolha do local foi feita de maneira a evitar transtornos e garantir a segurança para os usuários: o ponto está na mesma calçada, ou seja, não há necessidade de atravessar ruas, e a poucos metros do ponto anterior”.

Esta é a quinta e última etapa da primeira fase da reorganização. Dez novas linhas foram criadas, 13 tiveram trajeto alterado e 29 foram extintas. Até o fim do processo, 70 serão suprimidas.

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