BRT da RJ-104 trará benefício para 200 mil

11/10/2015 - O Fluminense

Um dos mais esperados projetos de mobilidade urbana para a Região Metropolitana do Estado do Rio está perto de sair do papel. A implantação do Bus Rapid Transit (BRT) que ligará Niterói a Manilha através de um corredor exclusivo, cortará a Avenida Feliciano Sodré, no Centro, passando pela Alameda São Boaventura, no Fonseca, e percorrendo toda a RJ-104. Terá 29,6 km de extensão, 6 terminais e 36 estações. Segundo o secretário estadual de Transportes, Carlos Osório, o projeto prevê 120 ônibus articulados com capacidade para receber até 200 mil passageiros por dia. No projeto apresentado na última semana pelo Governo do Estado e pelo Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) durante o Seminário Caminhos da Mobilidade Urbana, na Universidade Candido Mendes, o BRT que sairá no Terminal João Goulart terá integração com linhas de ônibus municipais e barcas na Estação Arariboia. Já no Ponto Cem Reis, o Terminal Santana será feito na altura da Ponte Rio-Niterói e haverá integração com ônibus intermunicipais.

Já no terceiro terminal, que será construído no Baldeador, haverá integração com ônibus do município de Niterói. No quarto terminal, que será feito em Tribobó – já em São Gonçalo – haverá integração com os ônibus que passam pela RJ-106, em Maricá. O projeto prevê ainda a construção de dois terminais, sendo um em Alcântara, integrando com ônibus municipais de São Gonçalo e outro em Manilha, que se integrará com ônibus que passam pela BR-101 (Itaboraí, Tanguá e Rio Bonito).

"As estações dos corredores serão de dois tipos: bidirecionais e unidirecionais, uma vez que em todas as estações haverá faixa de ultrapassagem. Com a implantação dos terminais, a princípio, haverá apenas a relocação do posto da Polícia Rodoviária e o pátio de carros apreendidos localizados na altura do Trevo de Tribobó para um terreno em frente ao Instituto Médico Legal (IML). O espaço onde hoje funcionam esses serviços dará lugar ao terminal com a integração dos ônibus que passam pela RJ-106”, contou Carlos Osório.

Eunice Horácio, gerente de Mobilidade Urbana da Fetranspor, defendeu a implantação da construção do BRT. Segundo ela, se o metrô da Linha 3 hoje custa aos cofres públicos cerca de R$ 5 bilhões, com o transporte articulado o custo dos dois corredores (Niterói x Manilha e Niterói x AlcÂntara) sairia por R$ 1,5 bilhão.

No projeto apresentado pela gerente no Seminário serão 120 ônibus articulados que atenderão 1,6 milhão de pessoas nos municípios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. O tempo estimado de intervalo entre as viagens será de apenas dois minutos, considerado o grande diferencial para a aceitação dos moradores dos três municípios em pesquisa de opinião realizada recentemente a pedido da Fetranspor.

"Segundo o resultado dessa pesquisa, feita pelo Instituto Informa entre maio e junho deste ano, o BRT teve uma aceitação de 95% dos mil entrevistados, entre usuários e não usuários de ônibus. Isso nos mostra a necessidade de implantação do corredor exclusivo e o quanto o BRT vai ser importante para milhares de usuários”, disse Eunice.

Ainda de acordo com o projeto apresentado por Eunice, na estação do terminal de Tribobó há a previsão da expansão futura do sistema BRT sentido Maricá, na altura do trevo. O projeto para a implantação ainda é embrionário, porém, em vias de ser desenvolvido no início do ano que vem, segundo informou a gerente.

Uma outra proposta de corredor que ligaria Niterói a Alcântara apresentada pelo Setrerj, durante o seminário, sairia com custos mais baixos (R$ 764 milhões). A demanda diária de passageiros prevista seria de 146 mil passageiros e teria 18 km de uma extensão total de corredor. O número de veículos articulados seria de 78, atendendo apenas dois municípios (Niterói e São Gonçalo).

"A estimativa de custos da Rede de BRT do Leste Metropolitano incluindo obras, desapropriações e infraestrutura compartilhada seria de R$ 1,5 bilhão. O prazo de planejamentos e projetos é de 18 meses. Já o prazo para as obras é de 24 meses, a partir do início das intervenções”, revelou Eunice Horácio.

Vantagens – Os BRTs já existentes hoje (Transoeste e Transcarioca) reduziram drasticamente o tempo de viagem dos cariocas, segundo estudos apresentados pelo Governo do Estado, onde moradores que se deslocavam da Barra da Tijuca até a Ilha do Governador reduziram o tempo de viagem em até 60%. O objetivo é fazer o mesmo para os moradores da Região Metropolitana, como solução para desatar o nó das grandes cidades.

"Pesquisas mostram o quanto o sistema de BRT foi importante para os moradores. Em grandes cidades onde a velocidade média durante a semana é de 30 km/h, com o BRT esse tempo aumenta, já que teremos menos carros nas ruas. O tempo de implantação do projeto é menor do que o metrô, os custos são menores e o resultado é o ganho em tempo e qualidade de vida de quem usufrui desse serviço”, enumerou superintendente do Setrerj Márcio Coelho Barbosa.

Como característica, todo sistema BRT tem um corredor exclusivo e segregado na faixa da esquerda, permitindo, pelo menos, ultrapassagem nas estações e minimização da interferência com o tráfego geral, aumentando velocidade operacional dos serviços; estações de plataforma elevada para embarque e desembarque em nível com os veículos, reduzindo o tempo de acesso e egresso dos usuários aos veículos.

O pagamento de tarifa e validação do bilhete na entrada das estações e terminais visam minimizar o tempo de embarque/desembarque dos passageiros. Além disso, há um padrão da utilização de veículos de alta capacidade, que são os ônibus articulados de 21 a 23 metros com capacidade de até 180 passageiros e com porta à esquerda para os serviços troncais, que operam no corredor.

Outra vantagem levantada por especialistas e ambientalistas é que a implantação do BRT diminui a emissão de monóxido de carbono (CO) em até 87%; o de hidrocarbonetos (HO) em até 81%; a emissão de material particulado (MP) em 95%, além da comercialização de créditos de carbono, menos ruído e inserção adequada ao ambiente urbano.

"Uma ação como essa também contribuiria para a economia de energia e a redução da poluição atmosférica, especialmente se for priorizada a implantação de sistemas que ofereçam melhor qualidade e com tecnologias limpas”, informou por meio de nota a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

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