Um lugar onde o tempo fez como os ônibus: parou

25/07/2015 - O Globo

Há 21 anos, a enorme boca em forma de meia-lua que hoje engole cerca de 550 mil pessoas por dia começava a fazer parte da paisagem e do cotidiano de niteroienses, cariocas e moradores do Leste Fluminense que passam por ali todos os dias. Inaugurado em agosto de 1994, o maior terminal rodoviário da América Latina, o João Goulart, foi construído na gestão do prefeito João Sampaio para ajudar a aliviar o trânsito atordoado pelos ônibus que paravam nos antigos terminais Norte e Sul, localizados cada um deles de um lado da Avenida Visconde do Rio Branco.

Tantos anos depois, a falta de investimentos em outros meios de transporte, o aumento do fluxo de passageiros e os planos de revitalização do Centro mantêm o João Goulart entre a operação sobrecarregada e à espera por reestruturação.

Em 18 de dezembro de 1994, o GLOBO-Niterói estampava a manchete "Usuários aprovam terminal". A reportagem abordava melhorias que, na ocasião, ainda estavam sendo implementadas no recém-inaugurado João Goulart. Em entrevista, o então presidente da extinta Niterói Terminais Rodoviários (Niter), Luiz Paulo Figueiredo, dizia que, com a inclusão de duas linhas de ônibus, o terminal atingiria sua capacidade máxima: 350 mil passageiros por dia. Atualmente, estima-se que 200 mil a mais usem o equipamento diariamente.

— Hoje, o número de linhas dentro do terminal é impressionante. Aumentou muito ao longo dos anos. Mas também acho que o lugar hoje é mais seguro. Antes, tinha muito assalto — afirma Figueiredo, que trabalhou no terminal de 1994 a 2008, um ano depois da concessão para a empresa Teroni.

O aumento de linhas e consequentemente de passageiros faz com que os ônibus demorem a deixar as baias ou a estacionar junto às plataformas, provocando congestionamentos. Em setembro do ano passado, a Teroni abriu um novo pátio, nos fundos do terminal, para aumentar a capacidade de operação. A empresa afirma que, desde que assumiu a administração do terminal, investiu R$ 22 milhões em melhorias e modernização. Mas a grande mudança mesmo aguarda a Operação Urbana Consorciada (OUC), projeto da prefeitura que promete reformar todo o Centro. É que o plano inclui a construção de um novo terminal, que integraria ônibus, metrô, barcas e o veículo leve sobre trilhos (VLT).

Enquanto o futuro não chega, Luiz Paulo, um veterano do terminal, se diverte com as histórias do passado. Boa parte das mais curiosas delas, segundo ele, aconteciam nos "achados e perdidos", anunciado pelo GLOBO-Niterói em 1994 como serviço prestado ali:

— É incrível como as pessoas perdem de tudo. Até dentadura foi parar lá!

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