Motoristas de ônibus dão troco com veículos em movimento no Rio

11/07/2015 - G1 RJ

Parte dos motoristas de ônibus do Rio de Janeiro dirige e também cobra passagens. A presença do cobrador não é exigida em todas as linhas. Mas o problema é que para ganhar tempo e não atrapalhar o trânsito, alguns motoristas dão o troco aos passageiros com o ônibus em movimento e isso é proibido. Como mostrou a GloboNews, especialistas disseram que dividir a atenção em situações como essas é muito arriscado.

O teste foi feito com seis motoristas de ônibus que também acumulam a função de cobrador e três deles deram o troco com o veículo em movimento. Em uma das situações, antes mesmo do dinheiro ser entregue pelo passageiro, o motorista já tinha arrancado com o ônibus. Ele olhou várias vezes para o caixa que fica ao lado do banco.

"Ou ele bem presta atenção no volante ou ele bem dá o troco, né?", reclamou uma passageira.

O Código Disciplinar dos Ônibus autoriza motoristas a cobrarem passagem, mas apenas com o veículo parado. Em caso de descumprimento da norma, o motorista é multado em R$ 162,72 e perde cinco pontos na carteira.

Segundo uma neurocientista, dar o troco com o ônibus em movimento é tão perigoso quanto falar no celular ou mandar mensagem enquanto se está dirigindo.

"Dirigir em grande parte é automatizado, tem toda uma rede de regiões cerebrais relacionadas a isso. Mas uma parte do ato de dirigir é voluntária também: tem que prestar atenção se o sinal está aberto, a questão da direção defensiva, então esta parte é voluntária, e aí vai dividir recursos com outras coisas voluntárias que você está fazendo, que não são automáticas. Ele [motorista] não tem condições de processar estes estímulos de maneira adequada e isso pode facilitar a presença de acidentes", contou a neurocientista Letícia de Oliveira.

O Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas de ônibus da cidade do Rio, afirmou que os motoristas são orientados a só cobrar passagem com o veículo parado. Em relação aos três motoristas flagrados, as empresas Real e Estrela Azul disseram que vão encaminhar os profissionais a um programa de requalificação e avaliar o histórico dos funcionários para decidir a punição deles, que pode variar de suspensão até demissão. A empresa Nossa Senhora das Graças afirmou que vai afastar o motorista para que ele passe por um novo treinamento.

Comentários