Falta de ônibus na Zona Oeste afeta 80 mil passageiros

10/04/2015 - O Dia - RJ

Rio - A baixa capacidade operacional do BRT Transoeste diante da alta demanda nos horários de pico, como O DIA mostrou nesta quinta-feira, não é o único transtorno enfrentado por usuários da Zona Oeste. Dez linhas de ônibus que atendiam à região estão fora de circulação há mais de um mês. Segundo o Sindicato de Motoristas e Cobradores (Sintraturb-Rio), desde que as viações Andorinha e Rio Rotas fecharam as portas, no dia 3 de março, devido a acúmulos de dívidas, cerca de 80 mil passageiros continuam prejudicados.

A Secretaria Municipal de Transportes informou que implementa um plano de contingência para atender a população desde a paralisação das linhas 358, 684, 689, 730, 738, 746, 798, 820, 926 e 937. Além disso, garantiu que, gradativamente, a operação vem sendo retomada por ônibus de outras 17 linhas do consórcio Santa Cruz, o mesmo do qual as duas empresas faziam parte. Porém, como as linhas destinadas para suprir os serviços seguem rotas diferentes e precisam transportar mais pessoas, os passageiros reclamam do tempo de espera em longas filas. Outros problemas são uma maior quantidade de baldeações, gastos extras e ônibus mais cheios.

Moradora do Bairro Maravilha, a aposentada Ângela Pereira, 64 anos, fazia só uma integração, em Campo Grande, para visitar o filho no Bairro de Fátima, no Centro. Agora, com problemas de coluna, precisa pegar três coletivos para chegar ao seu destino. "Às vezes, prefiro ir de trem até a Central e andar de lá até a casa dele do que perder tempo esperando ônibus cheios, de ponto em ponto", afirma a idosa.

Além de chegar atrasado às aulas na Faetec por causa da baldeação, o estudante Samuel Donato, 19, passou a ter uma despesa a mais. "Tenho que pegar o 786 até Marechal Hermes e, de lá, tomar outro. Como só tenho direito a uma passagem, agora gasto R$ 3,40 só para ir", protesta.

O comerciante Cláudio Santos Queiroz, 44, reclama do tempo de espera para conseguir uma condução. "Levo apenas 20 minutos para chegar em Realengo, mas quase uma hora esperando o ônibus na fila, pois agora apenas uma empresa opera o trajeto", diz.

Segundo a secretaria, o consórcio Santa Cruz foi autuado, através de notificações e multa contratual, quando os funcionários entraram em greve (por falta de pagamento de salários), o que levou à interdição da operação das empresas. De janeiro até ontem, o consórcio recebeu 634 multas, totalizando R$ 547,8 mil, informou o órgão.

Reforço contra a superlotação no BRT

A Secretaria de Transportes informou, após reportagem do sobre a superlotação no BRT Transoeste, que os 18 veículos articulados e os 15 não articulados (padrons) prometidos para o corredor deverão entrar em operação até julho. Já o prazo determinado ao Consórcio BRT para a entrada dos 23 articulados na Transcarioca vai até agosto. "Após as compras, o corredor Transoeste deverá ter 180 veículos articulados e 44 padrons, enquanto a Transcarioca terá 148 articulados", apontou a secretaria. O órgão explicou que ainda não é possível detalhar nem divulgar prazos dos projetos das reformas e construções de estaçõesdivulgados ontem.

Baldeação é a alternativa

A saída para os usuários da região é utilizar as linhas 391, 737, 738, 784, 790, 746, 786, 801, 803, 811, 812, 814, 819, 846, 847, 848, 926 e fazer integrações com outras quando necessário. O passageiro tem a opção de utilizar o Bilhete Único para não pagar uma nova passagem, no prazo de duas horas e meia.

Para o engenheiro de transportes Alexandre Rojas, a ideia do sistema integrado por baldeações "parece muito boa, mas apenas para o empresário, que otimiza seus custos". Já para população a situação não é tão confortável. "As pessoas ficaram alheias a todo processo decisório. Esse tipo de sistema funciona muito bem em outros países, onde o transporte é confortável e os horários funcionam. O que não é o caso do Rio. O BRT já está saturado com pouco tempo de uso", explica.

Segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus do Rio de Janeiro (Rio Ônibus), o plano de contingência para suprir as linhas extintas permanece em andamento, até a conclusão de um plano definitivo para a área.

Os 683 funcionários prejudicados de ambas as empresas aguardam acordo judicial para receber as verbas rescisórias, a regularização de todos os direitos trabalhistas e oportunidade em outros empresas da região por parte do consórcio.

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