09/02/2015 - Valor Econômico
As obras de infraestrutura nas zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro, principalmente as três linhas de BRTs (Bus Rapid Transit), são os novos vetores de investimento das construtoras na cidade. Para fugir da crise, as empresas do setor querem reproduzir a estratégia que deu certo em 2014, quando o número de lançamentos caiu 15% no ano e as operações recuaram 11%, mas a velocidade de vendas em empreendimentos na Zona Norte e na periferia da Zona Oeste, em especial aqueles com perfil de primeira residência surpreendeu.
O empresário Paulo Araújo, diretor comercial da construtora Fernandes Araújo, é um dos que procura terrenos em bairros como Madureira, Campinho e Campo Grande. Ele conta que teve resultados bem diferentes nos dois empreendimentos que lançou em 2014, o que atribui a localização. Em Campo Grande, onde lançou um condomínio com infraestrutura, vendeu tudo em menos de dois meses. Já no lançamento que fez na Freguesia, apenas 50% das unidades foram vendidas.
Os dois bairros ficam na Zona Oeste, mas a Freguesia já está saturada e fica distante do traçado dos BRTs. Já Campo Grande viveu um período de abandono e será fortemente beneficiada pelos novos sistemas viários. Para Araújo, o ano oferece oportunidades para as construtoras menores, que trabalham com produtos de nicho. "As construtoras de capital aberto devem se retrair para fazer caixa. Nós faremos quatro lançamentos: dois em Campo Grande, um na Taquara e outro em Madureira. E estamos procurando outros terrenos nessas regiões", afirma, na expectativa de ter um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 180 milhões em 2015.
De acordo com a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI), mais de 60% dos lançamentos no ano passado ocorreram na Zona Oeste. A Zona Norte foi a segunda área de interesse, com cerca de 30% dos lançamentos. As áreas mais concentradas - Zona Sul e Centro - não responderam nem por 7% dos lançamentos. "Na Zona Sul, mais de 70% das novas unidades são em Botafogo e no Flamengo. Praticamente não há terrenos disponíveis", resume Claudio Hermolin, vice-presidente da Ademi e diretor da PDG.
A expectativa de Hermolin é que 2015 tenha um número de lançamentos semelhante ao de 2014, embora a agenda do setor não vá ser tão impactada por eventos externos como no ano passado, quando o mercado praticamente parou por causa da Copa do Mundo e da instabilidade gerada pela eleição. Ele trabalha com um crescimento "marginal" de 5%, mas também não acredita no acirramento da crise no setor. "Apesar do cenário macroeconômico menos favorável, o custo do metro quadrado acompanhou a inflação e não deve haver uma reversão na valorização dos últimos anos", diz, lembrando que o patamar de preços no Rio de Janeiro mudou com as Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP). "O risco para o mercado do Rio é a desaceleração do projetos das UPPs e uma crise mais acentuada no setor de petróleo, com as empresas repensando suas estratégias de expansão", diz.
A expectativa da prefeitura é repetir o desempenho de 2014 na arrecadação de ITBI. No ano, embora a quantidade de guias emitidas (que refletem o número de operações) tenha caído 11,5%, a arrecadação diminuiu 6,2%. O valor médio de transação, porém, acompanhou a inflação e subiu 6%.
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