Porto Maravilha: novas mudanças confundem passageiros e desagradam motoristas

24/11/2014 - Jornal do Brasil

Louise Rodrigues*

O primeiro dia útil após as novas mudanças em 40 linhas de ônibus foi confuso, como esperava o Secretário Municipal de Transportes, Alexandre Sansão Fontes. Para dar prosseguimento às obras do projeto Porto Maravilha, os ônibus que paravam no Terminal Misericórdia foram realocados para a Avenida Churchill, Rua Santa Luzia e Praça Marechal Âncora.

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Alexandre Sansão Fontes
Alexandre Sansão Fontes

Durante a manhã desta segunda-feira (24), o secretário Alexandre Sansão esteve na Praça Marechal Âncora, onde, a partir de hoje, será o ponto final das linhas 130, 131 e 202. Ele avaliou o movimento e esclareceu pontos levantados após a mudança. "O primeiro dia útil é sempre o dia que a maioria das pessoas vai aprender de fato. A gente está divulgando em todos os meios de comunicação e também diretamente ao usuário já há alguns dias. É claro que todo usuário vai se preocupar mais com a mudança no dia que implanta. Então hoje é um dia que a gente tem que intensificar essa informação. Amanhã é a mesma coisa e quanto tempo for necessário", declarou Sansão.

O Secretário Municipal de Transportes minimizou os impactos da mudança para os taxistas, que tinham 15 vagas de parada e agora têm sete. Na sexta-feira (21), o Jornal do Brasil conversou com o presidente do ponto de táxi, Wilson Menezes, que reclamou das consequências da transferência das linhas para a Praça. "Isso não tem problema. Aqui a questão é rotatividade. Nem sempre esse ponto está cheio. Este é um bom local e ajuda a ter espaço para as linhas de ônibus que vão ficar paradas ali para trás – e que carregam mais gente que os táxis. Os táxis vão continuar operando aqui normalmente, os passageiros virão e o espaço é suficiente porque o trabalho no ponto de táxi é o 'entra e sai'. Não é para ficar estacionado. Se é para ficar estacionado, fica em outro lugar. Aqui não é estacionamento. É ponto de táxi, para embarcar e desembarcar. A quantidade de vagas é suficiente", enfatizou.

Na sexta-feira o Jornal do Brasil conversou com o engenheiro de transportes Alexandre Rojas, que levantou o questionamento acerca das medidas paleativas tomadas pela Prefeitura. Entre os pontos criticados por ele foi a criação do Terminal Misericórdia para abrigar linhas que depois seriam novamente transferidas. Perguntado, Alexandre Sansão explicou: "Fizemos isso por causa do andamento das obras. Agora que a gente preparou esse local para receber convenientemente essas linhas. Fizemos aquele retorno, colocamos os abrigos, melhoramos a calçada. Todo preparativo que foi necessário para colocar as linhas de ônibus aqui foi concluído e a gente, estrategicamente, fez a mudança junto com as outras mudanças para facilitar também o entendimento".

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A tranquilidade do secretário, contudo, não reflete o clima entre os passageiros e profissionais das empresas de ônibus. Durante a manhã, um carro da linha 202 errou a entrada que deveria fazer. A despachante Mary Oliveira teve que explicar ao motorista qual caminho ele deveria fazer. Perguntada sobre as mudanças, ela é sucinta. "No sábado os motoristas reclamavam da entrada porque eles estavam com dificuldade para passar. Agora a principal reclamação é quanto as condições do uso do sanitário. A gente não tem desde sexta. Tem um ali, mas que é da obra. Quando eles tiraram, pediram desculpa, mas não colocaram outro. Está insuportável, o cheiro está desagradável a beça", disse.

Segundo motoristas e cobradores, os profissionais que fazem as obras na Praça XV estão compartilhando o banheiro químico. Segundo Mary, "cada um informa uma coisa: uns dizem que é com a nossa empresa, outros dizem que é com a Prefeitura e a gente fica a Deus dará. A gente tem que prestar um serviço de qualidade aos usuários, mas como profissionais da área não estamos sendo respeitados como deveríamos".

José Luiz Pereira não se mostrou satisfeito com a mudança
José Luiz Pereira não se mostrou satisfeito com a mudança

José Luiz Pereira, motorista da linha 202, não se mostrou satisfeito com mais uma mudança. "Para mim piorou. A minha linha era curta e agora se tornou longa. Nós íamos só até o Terminal Misericórdia. Agora temos que ir lá em baixo, na Beira Mar, retornar e entrar aqui. Ou seja, eu venho e volto pelo Aeroporto. Nós fazemos seis viagens. Vamos ver qual a decisão que a empresa vai tomar em relação às viagens agora".

Sobre a falta de banheiros, José brinca: "Se o pessoal da obra parar de deixar a gente usar, a gente sai fazendo xixi por aí, igual cachorrinho". O motorista, contudo, acredita que a empresa solucionará o problema. "Tenho certeza que vão resolver isso em breve".

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