BRT Transcarioca começa a operar até o Galeão

Viagem inaugural saiu às 5h02m do Terminal Alvorada

POR LUIZ ERNESTO MAGALHÃES

04/06/2014 - O Globo

Ônibus do BRT Transcarioca começa a circular até o Aeroporto Internacional Tom Jobim Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Ônibus do BRT Transcarioca começa a circular até o Aeroporto Internacional Tom Jobim Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo


RIO - Escoltado por três motociclistas da prefeitura, o primeiro ônibus do BRT Transcarioca, que faz a ligação semiexpressa Barra - Aeroporto Internacional Tom Jobim, saiu às 5h02m do Terminal Alvorada, com apenas um passageiro a bordo. O veículo conta também com dois policias militares e mais dez pessoas incluindo motorista, assessores do Rio Ônibus e jornalistas.

Um outro passageiro, que tinha sido o primeiro a embarcar, às 4h50m, acabou desistindo porque entrou no ônibus por engano. O operador de prensa Fernando Pimentel, de 48 anos, pretendia descer em Curicica, mas foi alertado pelos jornalistas de que o ônibus não iria parar nas estações intermediárias, somente em Vicente de Carvalho. Com isso, coube ao desempregado Antônio Jorge Hermínio Galo, de 24 anos, fazer a viagem inaugural. O rapaz parecia perdido no Terminal Alvorada. Antes de embarcar no ônibus, ele chegou a entrar no Centro de Operações do BRT para pedir informações.

— Estava em Botafogo tentando comprar ingresso na fila da Fifa e vim para cá. Vou para o aeroporto. Talvez viajar, não sei. Sou convidado do prefeito — disse.

A viagem inaugural foi feita pelo motorista Maurício Zanelato, de 46 anos, que trabalha há 14 anos na empresa Redentor, que está operando a linha. Ele contou que, nesta terça-feira pela manhã, fez o percurso para uma viagem teste por volta das 7h.

— Vou ter que dirigir com cuidado e em baixa velocidade. Na terça-feira, havia muita gente caminhando pela faixa em vários trechos como Penha, Vicente de Carvalho e no Tanque — disse o motorista, que atuou por três meses na Transoeste.

Segundo relatos de funcionários do Consórcio Operacional BRT, já há problemas com o gradeamento da via. Na Maré, moradores romperam a cerca de proteção e adolescentes faziam de um pequeno viaduto de circulação do BRT de uma pista de skate.

No caso do Aeroporto Internacional, onde outro ônibus partiu no sentido inverso também às 5h, o primeiro passageiro a embarcar foi o militar Jorge Damião, de 43 anos, que trabalha no cozinha do Centro de Tecnologia do Exército, em Guaratiba. O cabo, que é morador da Praia da Bandeira, no Cocotá, na Ilha do Governador, contou que sabia que o BRT começaria a operar nesta quarta e decidiu que vai usá-lo todos os dias para chegar ao trabalho por considerar um sistema mais confiável, já que não enfrentará engarrafamentos.

— Sempre saio para trabalhar a essa hora. Quando há congestionamento, perco até duas horas — contou o militar.

Jorge explicou que, antes do Transcarioca, pegava um ônibus convencional até a Fundação Oswaldo Cruz, onde fazia uma baldeação com outro veículo convencional até o Terminal Alvorada e lá pegava o BRT Transoeste. A partir de agora, ele vai pegar um ônibus até o aeroporto, seguir viagem pelo BRT Transcarioca, descer na Alvorada e pegar o Transoeste. Com isso, ele economiza na tarifa pelo Bilhete Único.

A viagem até Vicente de Carvalho durou 50 minutos. Na estação intermediária, embarcaram 14 passageiros, sendo que 11 trabalham no aeroporto internacional. O 13° era um morador curioso para conhecer o sistema e o 14°, um turista paraibano que estava indo comprar passagem no Galeão.

A maioria dos funcionários do aeroporto, por morarem na Zona Norte, disse que pretende usar o Transcarioca diariamente. Eles consideram uma maneira mais fácil de chegar ao Terminal, sem ficar preso no congestionamento.

O morador de Vicente Carvalho, Wallace Almeida Marinho, de 27 anos, disse que estava curioso.

— Não queria perder a novidade. Acordei cedo e vou pegar sempre — afirmou.

Já o bombeiro Maurício de Souza Oliveira, de 45 anos, que trabalha na pista do Galeão, disse que antes do BRT chegava a perder até duas horas de casa ao trabalho pegando dois ônibus. O primeiro até a Avenida Brasil e o segundo até o aeroporto. Com o BRT, ele vai passar a levar cerca de 70 minutos.

O BRT, porém, ainda terá de passar por ajustes, como admite o conscórcio operacional. Neste primeiro dia, os despachantes Alexandre dos Santos Ribeiro e Luíz Henrique Flávio entram às 6h no trabalho. Eles chegaram à estação de Vicente de Carvalho às 5h15m, acreditando que já haveria um ônibus disponível para o Galeão a essa hora. O primeiro veículo, porém, só passou às 5h40m e eles acabaram chegando atrasados ao trabalho.

INCIDENTES ATRAPALHAM PRIMEIRA VIAGEM ATÉ O GALEÃO

Na primeira viagem até o aeroporto, que durou 70 minutos, ocorreram pequenos incidentes. Em Madureira, um veículo particular foi visto na pista do BRT sentido Campinho. No mesmo trecho, na Avenida Edgard Romero, também houve problemas de fechamento de cruzamento, inclusive de ônibus, apesar da área estar sendo fiscalizada por agentes de trânsito da Guarda Municipal e da CET-Rio. O Rio Ônibus informou que o motorista com o coletivo que fechou o cruzamento será identificado e advertido.

A presidente da CET-Rio, Cláudia Secin, reconheceu que existem trechos de operação ainda críticos, como o entorno do Mercadão de Madureira e a Avenida Brás de Pina. A prefeitura está fazendo um mapeamento e pode ampliar o número de pontos de fiscalização. Atualmente, existem cerca de 68 equipamentos de monitoramento de evasão de faixas e de avanço de sinal.

— Nós temos 300 pontos de monitoramento com agents de trânsito. São 200 da CET-Rio e 100 da Guarda Municipal que vamos manter 24h durante todo o tempo de operação, porque essa é uma linha do BRT que passa por áreas da cidade bastante urbanizadas — declarou.

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