Inaugurado há 6 meses, corredor Transoeste sofre com buracos

06/01/2013 - O Globo

A ameaça de construções irregulares também assombra a via

Ônibus do BRT TransOeste passa fora da via exclusiva devido a buracos na pista em Guaratiba Custodio Coimbra / O Globo

RIO- Buracos na pista exclusiva para ônibus articulados, parte do piso da ciclovia destruída e a ameaça de construções às margens da via compõem um retrato preocupante de um dos principais trechos da maior obra viária da primeira gestão do prefeito Eduardo Paes: o corredor Transoeste. Os problemas podem ser vistos entre as estações Mato Alto e Magarça, em Guaratiba. As falhas no asfalto fizeram inclusive com que, na sexta-feira, os BRTs tivessem de ser deslocados para uma das faixas destinadas aos outros veículos. A primeira fase do Transoeste, que liga a Barra a Santa Cruz e diminuiu sensivelmente o tempo do trajeto entre os dois bairros, tem pouco mais de seis meses de inaugurada.
No trecho de Guaratiba, já é possível perceber diversos remendos e falhas no pavimento, principalmente na pista dos ônibus articulados. Próximo à estação Mato Alto, no sentido Santa Cruz, o asfalto cedeu nos últimos dias e criou grandes calombos até tudo se transformar em buraco e lama, impedindo a passagem dos BRTs. Procurada pelo GLOBO, a prefeitura informou que o problema ocorreu "em decorrência da forte chuva que caiu na região". E afirmou que os reparos seriam concluídos ainda no fim de semana.

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Nas manhãs das últimas quinta e sexta-feira, porém, repórteres do GLOBO estiveram no local e não viram obras de reparo no asfalto. Encontraram apenas operários da Secretaria de Conservação trabalhando no canteiro central. Analisando as fotos dos buracos, Antonio Eulálio, engenheiro civil e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), afirmou que a possibilidade maior para o problema é falha na construção:
— Não deve ter sido colocada alguma das camadas de base que precisa ser posta embaixo do asfalto. Isso prejudica a drenagem — afirma Eulálio, que acrescenta: — O pavimento em placas de concreto, como existe no Alto da Boa Vista, por exemplo, apesar de pedir um investimento inicial mais alto, tem um custo de manutenção muito menor, dura muito mais.
Na semana passada, a segunda fase da Transoeste, recém-inaugurada, que liga Paciência a Santa Cruz, já havia sido interditada por causa de um bolsão d'água entre as duas estações.
No trecho de Guaratiba, se os ônibus articulados já precisam até sair de sua pista por causa de buracos, a situação de quem anda de bicicleta também não é das melhores. Principalmente próximo da estação Magarça, há trechos de ciclovia completamente destruídos. A Secretaria Municipal de Obras informou que "os reparos serão executados pela empreiteira, dentro da garantia da obra e sem custos adicionais à prefeitura, no prazo de até 60 dias".
Outra questão que preocupa na região é o aumento de construções irregulares por causa da facilidade de transporte na via. Na quinta-feira, repórteres do GLOBO viram pelo menos duas em andamento, na altura da estação Mato Alto e próximo à Magarça. O grande exemplo de crescimento desordenado na região é a favela Rio Piraquê, em Pedra de Guaratiba, que também fica próxima ao Transoeste: comparando o Censo 2010 do IBGE com dados do Instituto Pereira Passos (IPP) baseados no Censo 2000, a comunidade praticamente dobrou em 10 anos, passando de mil domicílios para 1.909 casas.
A prefeitura informou que "a subprefeitura da Zona Oeste tem feito vistorias constantes para detectar invasões na área e realizará nos próximos dias uma operação para a retirada de alguns cercamentos de terrenos que foram identificados esta semana".
Instrumento importante para o crescimento ordenado de Guaratiba, o Plano de Estruturação Urbana (PEU) ainda não tem prazo para seguir para a votação na Câmara dos Vereadores, segundo a assessoria do prefeito. Em abril de 2012, a Secretaria de Urbanismo apresentou um projeto que, na época, ainda estava em fase final de discussão. Quando ficar pronto, o projeto pode demorar um ano para ser aprovado.
Sinal vermelho na via: acidentes e superlotação
Desde sua inauguração, em junho do ano passado, o corredor expresso Transoeste tem passado por problemas, principalmente com colisões e atropelamentos envolvendo os ônibus articulados BRT. Cinco pessoas já morreram, sendo que, somente em setembro, três acidentes aconteceram em dias consecutivos. No último caso, ocorrido no dia 23 de dezembro, duas pessoas que estavam numa moto ficaram feridas ao serem atingidas por um ônibus próximo à estação Gelson Fonseca. Segundo a prefeitura, o veículo das vítimas teria avançado o sinal vermelho. Na tentativa de diminuir os acidentes, a Secretaria de Transportes colocou nova sinalização no asfalto e nos cruzamentos para alertar sobre o risco de manobras na pista exclusiva para os ônibus.
Outra questão que também já começa a preocupar os usuários é a superlotação dos coletivos. Entre julho e novembro, houve aumento de 77% na quantidade de passageiros, que chegou a 1.496.601. Nos horários de pico, principalmente entre 5h30m e 8h, os ônibus articulados já estão lotados, lembrando o sufoco por que passam os usuários dos trens e do metrô durante o rush. A prefeitura promete para março mais 12 veículos que farão o trajeto entre Barra e Santa Cruz. Atualmente, há 91 em circulação.

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