BRT Transoeste funciona. Difícil é ir do centro do Rio ao Terminal Alvorada

13/08/2012 - Mobilize Brasil

O repórter do Mobilize Brasil Pedro Carrion testa o sistema do BRT no Rio de Janeiro e dá suas impressões, em primeira mão

Pedro Carrion
 
BRT Transoeste: plataforma de embarque
créditos: Pedro Carrion Costa / Mobilize Brasil
O sistema BRT Transoeste, que recentemente entrou em funcionamento no Rio de Janeiro, realmente melhorou bastante o deslocamento de passageiros da Barra da Tijuca para Santa Cruz, ponto final da linha. Na semana passada (7), tive a experiência de utilizar pela primeira vez o serviço - e pude comprovar sua eficácia. A viagem, de fato, é rápida e muito confortável. 
 
O ponto inicial do BRT Transoeste, no Terminal Alvorada (Barra da Tijuca), é um local que concentra linhas para praticamente todos os pontos da cidade e que, no momento, passa por obras. Segundo a Secretaria Municipal de Obras do Rio de Janeiro (SMO), tais intervenções são, sobretudo, para receber os futuros BRTs que estão em construção e farão conexões no local para diversas outras localidades. É o caso das linhas expressas Transcarioca e Transolímpica, além da Transbrasil, que sairá do papel a partir de junho de 2013. 
 
Porém, apesar da boa operação da linha Transoeste, o trajeto do centro da cidade até o Terminal Alvorada apresenta os velhos e recorrentes problemas: congestionamento, desorganização no Terminal Central do Brasil e muito tempo perdido dentro do ônibus. Nos horários de pico, há usuários já reclamando da superlotação. 
 
Trajeto até o Terminal Alvorada  
No trajeto que realizei, optei por descer um pouco antes, na estação Magarça, e de lá peguei o ônibus expresso (integrado) para a estação Pedra de Guaratiba, onde mora o meu pai. A Pedra de Guaratiba ainda não integra o sistema BRT. 

Mas voltando ao BRT. Para quem mora no centro da cidade, caso deste repórter, uma das maneiras de se chegar ao Terminal Alvorada é partindo do Terminal Procópio Ferreira, mais conhecido como Central do Brasil, um dos principais terminais rodoviários do Rio de Janeiro. E, de preferência, embarcando em algum ônibus que faça o trajeto pela Linha Amarela. Inaugurada em 1997, a Linha Amarela é uma via expressa, denominada oficialmente como avenida Governador Carlos Lacerda, que elimina a necessidade de transitar pela zona sul. Sua construção ganhou impulso com os engarrafamentos na própria zona sul, zona norte e avenida Brasil. 
 
Cheguei, então, às 11h40, aos boxes das linhas com destino ao Terminal Alvorada. Lá fui informado de que não havia nenhum ônibus que fazia o trajeto pela Linha Amarela que me levasse para dentro do Terminal Alvorada. O único possível, em função de mudanças operacionais, me deixaria do lado de fora da Alvorada, e eu teria que caminhar de 10 a 15 minutos até o interior do Terminal. Embarquei nesse mesmo, o 315 Central-Recreio dos Bandeirantes, Via Linha Amarela, já que outras opções, os ônibus que fazem o trajeto pela zona sul, por dentro da cidade, teriam o dobro do tempo de viagem. A Rio Ônibus, administradora do Terminal Alvorada, informa que estão sendo reformados os acessos para que as linhas, inclusive a 315, voltem em breve a entrar no Terminal.  
 
Já dentro do ônibus, percebi o reflexo da má organização do Terminal. Foram cerca de 10 minutos do ônibus só manobrando, com os veículos todos enfileirados e estacionados muito próximos uns dos outros. Eram 11h52 quando saímos. Ao longo do caminho, além do congestionamento de praxe, pude observar muitos moradores de rua debaixo de viadutos e o mau cheiro de esgoto em vários locais. O passageiro Carlos Ferreira Batista, 51 anos, marceneiro, resumiu perfeitamente nossa viagem: “É como se tivéssemos que atravessar o purgatório para chegar ao paraíso”, disse ele. Apesar de irmos pela Linha Amarela, o tempo de viagem durou 1h10. 
 
Porém, de acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), daqui a mais ou menos um ano haverá outras opções mais eficazes e rápidas de deslocamento do centro da cidade para o Terminal Alvorada. Na possibilidade mais próxima de se concretizar, o passageiro poderá embarcar no trem da Central do Brasil até o bairro Madureira e de lá fazer o transbordo para o BRT Transcarioca, que irá até a Alvorada. Já a nova linha 4 do metrô ligará a zona sul à Barra da Tijuca de forma dinâmica. Mas sua inauguração está prevista somente para dezembro de 2015.
 
Inaugurado no dia 6 de junho, o túnel da Grota Funda também é um dos responsáveis pela atual diminuição do tempo de viagem. O novo túnel, batizado com o nome do ex-vice-presidente José Alencar, conta com uma pista em cada sentido para ônibus articulados, além das duas pistas para veículos de passeio. Com 1.100 metros de extensão, a via liga os bairros de Guaratiba e Recreio dos Bandeirantes. 
 
Chegada ao Terminal BRT
Dando sequência à viagem, desci do ônibus, caminhei quase 15 minutos até o Terminal Alvorada e encontrei o Terminal BRT, todo bonito, funcionando a pleno vapor. Em uma máquina prática e moderna, coloquei crédito em meu cartão Bilhete Único Carioca, que me dá o direito de fazer duas viagens pelo preço de uma, por R$ 2,75. Passei pela roleta e logo parou em minha frente um ônibus articulado BRT, da linha expressa, maior e mais confortável do que os demais em circulação na cidade. 
 
Saímos da estação às 13h06. Apenas 30 minutos depois, desembarquei na estação Magarça para fazer o transbordo para a Pedra de Guaratiba, meu local de destino. O primeiro ônibus a chegar, para meu azar, estava com o leitor de cartão magnético quebrado. Esperei o segundo e uns 15 minutos depois estava em meu destino. Na estação Magarça, observei que a integração está sendo feita por ônibus convencionais. Mas, conforme informações da SMTR, as linhas de integração BRT entrarão em funcionamento nos próximos dias no local; e que em breve todas as estações terão seus próprios ônibus para integração.  
 
Mas nem tudo funciona às mil maravilhas no BRT. É o que afirma o construtor civil Adilson dos Santos Firmino, 47 anos, usuário diário da linha Transoeste e do transbordo para o bairro de Sepetiba: “Nos horários de pico, o ponto de ônibus fica lotado, com filas e muitas pessoas aguardando. Isso está prejudicando bastante”, disse Adilson. Sobre isso, a SMTR esclarece que a frota desta linha está sendo aumentada gradativamente. Iniciou com quatro veículos, hoje totaliza 13 carros e nas próximas semanas totalizará 17 no terminal. 
 
A conclusão desta experiência é que o tempo do percurso da Barra da Tijuca para a Pedra de Guaratiba cai pela metade utilizando o BRT. Mas de nada adianta tamanha praticidade se os mesmos problemas de sempre seguem ocorrendo no trajeto do Centro da cidade até a Barra da Tijuca. É preciso uma solução imediata para isso, e não somente para daqui a um ano.

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