Obras do Transolímpico começam na quarta-feira

02/07/2012 - O Globo, Rafael Moraes

Corredor expresso, que ligará a Barra a Deodoro, integra a 1 via expressa a ser aberta após a Linha Amarela, há 15 anos

A Avenida Salvador Allende fará parte do corredor Transolímpico, mas continuará mantida pela prefeitura.

RIO - No rastro das obras viárias dos corredores Transoeste e Transcarioca, que há meses mexem com a rotina dos motoristas, os cariocas começam a enfrentar na quarta-feira mais uma intervenção nos transportes. A prefeitura inicia por Sulacap, na Zona Oeste, a construção do Transolímpico, que ligará a Barra da Tijuca à Avenida Brasil, em Magalhães Bastos, e, depois, a Deodoro. Orçada em R$ 1,55 bilhão sendo R$ 1,072 bilhão em recursos do tesouro municipal , a obra poderá ficar ainda mais cara, uma vez que as desapropriações ainda estão sendo contabilizadas, e os custos serão pagos à parte pelo poder público.

Incluído no caderno de encargos dos Jogos de 2016, o corredor de 23km, que abrigará via expressa com pedágio para carros e um BRT (pista exclusiva para ônibus articulados), exigirá ainda outro gasto adicional: a prefeitura licitará, no ano que vem, uma extensão de 3km, apenas do BRT, até a Vila Militar, em Deodoro.

As pistas para carros do Transolímpico terminam na Avenida Brasil. Mas o BRT terá um pedaço licitado em separado em 2012. Essa extensão margeará a linha férrea na Vila Militar, seguindo em paralelo à Estrada São Pedro de Alcântara. O orçamento dessa parte ainda está sendo calculado explica o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto.

Segundo ele, a conta das desapropriações ainda está sendo feita, porque os imóveis não começaram a ser cadastrados. Mas já se sabe que a maior parte das casas e lojas que terão que ser desocupadas fica em Jacarepaguá e Sulacap. Um estudo preliminar feito para estabelecer o traçado do Transolímpico apontou a necessidade de desapropriações de 143 imóveis em Magalhães Bastos e 114 em Sulacap. Já em Jacarepaguá, a previsão é de 152 desapropriações na Taquara; 402 na Estrada do Outeiro Santo; 24 no Condomínio Bosque do Paradiso e 353 em Curicica.

Ainda de acordo com Alexandre Pinto, o número de desapropriações do Transolímpico deverá ser menor do que as do Transcarioca, onde o total de imóveis desocupados chega a 2.500:

No Transcarioca, a obra passa pelo tecido urbano, pelas vias que já existem, exigindo mais desapropriações. O Transolímpico passa por cima das vias que existem ou segue em paralelo a essas vias. Mas já estamos fazendo reuniões com moradores de casas que serão desapropriadas.

A obra acontece quase 15 anos após a inauguração da Linha Amarela, última via expressa a ser construída no Rio. O pontapé inicial do Transolímpico será a construção de um viaduto sobre a Avenida Marechal Fontenelle, em Sulacap. Essa parte da obra deverá durar um ano. Mas, ainda em 2012, a prefeitura espera começar a erguer um segundo viaduto sobre a Avenida Brasil e um terceiro sobre o ramal da SuperVia em Magalhães Bastos e a Estrada São Pedro de Alcântara. No total, a via expressa terá 16 pontes e viadutos. Também está previsto até dezembro o início da perfuração do túnel sob o Maciço da Pedra Branca, que terá quatro galerias, duas por sentido, a exemplo do Túnel Rebouças. As galerias maiores terão 1,8 quilômetro e as menores, 200 metros de extensão.

Previsão de obra pronta até dezembro de 2015

O corredor de BRT terá 18 estações e dois terminais. Ele fará integração com os corredores Transoeste (na Avenida das Américas); Transcarioca, na Taquara; e Transbrasil, em Magalhães Bastos. A previsão é que a obra fique pronta, já incluindo a extensão até Deodoro, em dezembro de 2015, a tempo de ser usada nas Olimpíadas. Durante os jogos, o corredor fará a ligação da Vila dos Atletas, na Barra da Tijuca, ao Parque Radical de Deodoro (que sediará as provas de pentlato moderno, esgrima, tiro e mountain bike).

A única praça do pedágio ficará situada na saída do túnel em Sulacap, nos dois sentidos da via expressa. O valor do pedágio será o mesmo empregado na Linha Amarela, hoje fixado em R$ 4,70 para carros de passeio. Os ônibus do BRT serão isentos de tarifa. A estimativa da prefeitura é que 55 mil veículos/dia circulem pelo corredor, podendo chegar a 90 mil/dia sem necessidade de obra ou projeto de ampliação.

A obra será levada a cabo pelo consórcio Rio Olímpico, formado pelas empesas Odebrecht, Invepar e CCR/SA, que ganhou a licitação para explorar a concessão da via expressa por 35 anos. O grupo ofereceu a maior participação de recursos na obra: R$ 479 milhões. A CCR já administra a Ponte Rio-Niterói, a Barcas S/A, a Via Lagos e a Via Dutra. Já a Invepar, composta por fundos de pensão, está à frente do Metrô Rio, da Lamsa (Linha Amarela) e da Concessionária Rio-Teresópolis (CRT).

A Odebrecht será responsável pelas obras do Parque Olímpico da Barra da Tijuca, principal núcleo dos Jogos Rio 2016. A construtora também faz parte da concessionária Porto Novo, que ganhou a licitação das obras da Zona Portuária do Rio.

Além da construção do corredor, o consórcio ficará responsável pela manutenção da área de concessão, à exceção da Avenida Salvador Allende., que terá que ser ampliada pelo consórcio, mas continuará a ser uma via municipal, com manutenção a cargo da prefeitura:

A Salvador Allende não será incluída na área passível de cobrança de pedágio esclarece o secretário de Obras.

Atualmente, a ligação entre a Baixada de Jacarepaguá e Sulacap é feita principalmente pela Estrada do Catonho. Segundo a prefeitura, essa via, assim como as estradas do Guerenguê, Rodrigues Caldas, Rio Grande e da Ligação, serão as opções dos motoristas que quiserem circular pela região sem pagar pedágio no Transolímpico.

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