Transbrasil: BRT Deodoro-Presidente Vargas prevê construção de mergulhão e viaduto no Centro

12/10/2011 - O Globo, Luiz Ernesto Magalhães (luiz.magalhaes@oglobo.com.br)

RIO - Em fase final de detalhamento, o projeto do BRT Transbrasil trará impactos significativos ao trânsito do Centro do Rio. O corredor expresso para ônibus articulados ao longo da Avenida Brasil, desde Deodoro, irá até a Avenida Presidente Vargas, passando pela Francisco Bicalho. O plano, incluído pela prefeitura no pacote de investimentos para os Jogos Olímpicos de 2016, entrará em operação, até 2015, com uma demanda de mais de 900 mil passageiros por dia - número próximo ao dos usuários do metrô e dos trens (um milhão por dia). Os estudos preveem ainda a construção de um mergulhão próximo à Igreja da Candelária e de um viaduto na região da Leopoldina.

Obra vai se integrar a outros transportes

Na prática, o Transbrasil integrará toda a rede de transporte de massa da cidade. Fazendo baldeações, o usuário poderá chegar a dois aeroportos (Santos Dumont e Tom Jobim) e a outras regiões da cidade. O secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, explica que o Transbrasil terá conexões com outros dois BRTs - o Transcarioca (Barra-Tom Jobim) e Transolímpico (Barra-Deodoro) -, além de se integrar a estações de trens, metrô e ao futuro VLT que poderá ligar a Zona Portuária ao Aeroporto Santos Dumont.

- O Transbrasil vai operar com bilhete único e interligará a rede de transportes de massa. A ideia é termos linhas de ônibus com percursos menores que alimentarão os BRTs - disse Sansão.

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O secretário acrescentou que o plano, que prevê a racionalização das linhas de ônibus que passam pela Avenida Brasil, incluirá as intermunicipais. Em vez de seguirem viagem até o Centro, passageiros vindos da Baixada Fluminense desceriam num terminal a ser construído num terreno no Trevo das Margaridas, próximo à Via Dutra.

O Transbrasil vai operar com bilhete único e interligará a rede de transportes de massa. A ideia é termos linhas de ônibus com percursos menores que alimentarão os BRTs
O novo BRT absorverá os passageiros das linhas comuns, que terão seus itinerários entre o Centro e os bairros encurtados. Em lugar de disputarem espaço com os carros de passeio nas vias, os coletivos comuns deixarão os passageiros em pontos da Avenida Brasil, ao lado de passarelas de acesso aos terminais de BRT. Estudos ainda em elaboração vão redimensionar a frota.

O Transbrasil aproveitará toda a seletiva de ônibus hoje existente na avenida. Em alguns trechos, o BRT terá duas faixas para permitir a ultrapassagem dos coletivos.

Alguns detalhes ainda precisam ser fechados em relação ao traçado no Centro. A prefeitura estuda se há possibilidade de, no futuro, fazer uma integração, nas proximidades da Candelária, com a linha de VLT prevista no projeto de reurbanização da Zona Portuária para ligar a Praça Mauá ao Aeroporto Santos Dumont. Uma das ideias é construir um mergulhão no cruzamento da Avenida Presidente Vargas com a Rio Branco. Os ônibus retornariam à Avenida Brasil contornando a Igreja da Candelária.

O custo do projeto é estimado em R$ 1,3 bilhão. Estudos preliminares da prefeitura estimam que o corredor terá cerca de 30km, com pelo menos 26 estações e cinco terminais. A expectativa é que as obras comecem no máximo em 2013. Na segunda-feira, o prefeito Eduardo Paes confirmou que negocia com a União a inclusão do projeto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Mobilidade Urbana:

- O novo BRT fechará o anel viário do Rio. Será um grande ganho para a cidade. A proposta inicial é que a União arque com 40% dos custos, e os outros 60% sejam repassados por financiamento. Mas esses detalhes ainda estão em discussão.

Passageiros terão que usar passarelas
Pelo projeto, pelo menos 21 estações serão implantadas ao longo da Avenida Brasil. O acesso aos terminais será feito por passarelas por meio de rampas. O usuário desembarcará de um ônibus comum na pista lateral e usará as passarelas para chegar ao ponto de embarque.

O tráfego de carros de passeios e caminhões, por exemplo, não será prejudicado com a perda de uma segunda faixa. A implantação do BRT vai reduzir o número de coletivos nas pistas laterais, equilibrando o sistema - explicou o engenheiro Carlos Eduardo Maiolino, que coordena os estudos do BRT.

Ao contrário de outros BRTs, o Transbrasil exigirá menos desapropriações ou reassentamentos, já que aproveitará faixas de trânsito já existentes ou em implantação. Mas nem sempre as soluções serão simples.

- Na Avenida Francisco Bicalho, teremos que construir um novo viaduto, exclusivo para a passagem do BRT. Na chegada à Presidente Vargas, ele ficará entre a via original e o viaduto da linha férrea. Já na Avenida Brasil, teremos que alargar o trecho entre Irajá e Guadalupe, implantando as faixas laterais - detalha o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto.

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