Transcarioca deve mudar paisagem da cidade

BARRA-GALEÃO


Publicada em 29/09/2010 às 23h29m
Isabela Bastos - O Globo - 29/09/2010
AVENIDA VINTE de Janeiro, na chegada ao aeroporto: fim do corredor. Foto: Marco Antonio Cavalcanti - O GloboRUA NA PENHA onde o segundo trecho da Transcarioca vai começar. Foto: Marco Antonio Cavalcanti - O Globo

RIO - As obras da Transcarioca - corredor expresso para ônibus, o chamado BRT, ligando a Barra ao Aeroporto Internacional Tom Jobim - deverão mudar a cara da cidade para quem chega ao Rio via Avenida Brasil ou Linha Vermelha. A proposta de trajeto do lote 2 do corredor (Penha-Aeroporto) prevê a construção de três viadutos e duas pontes. Os viadutos seriam erguidos sobre a estação de trem de Olaria, a Avenida Brasil (em Ramos) e a Estrada do Galeão (na Ilha do Governador). Já as pontes ficariam sobre o Canal do Cunha (na entrada da Ilha do Fundão) e sobre a Baía da Guanabara (ligando as ilhas do Governador e do Fundão). Esta última seria a primeira ponte estaiada (suspensa por cabos de aço presos a um grande pilar) do Rio.




O trajeto ainda é conceitual e será detalhado. Em 14 de outubro, a prefeitura licita o projeto básico da obra, orçada em R$ 1,1 milhão. O vencedor da licitação terá seis meses para fazer os estudos de viabilidade do traçado e de impacto ambiental, além de um levantamento do número de desapropriações necessárias. A previsão é que o lote 2 da Transcarioca tenha dez estações, incluindo integrações com trens da SuperVia e o futuro BRT da Avenida Brasil.
Transcarioca terá 13 quilômetros de extensão
Pela proposta, o trecho entre a Penha e o aeroporto terá 13 quilômetros de extensão, começando no Largo da Penha. De lá, a Transcarioca passaria pela Rua Monsenhor Alves Rocha (aos pés da Igreja da Penha) e cortaria parte do bairro de Ramos, passando pelas ruas Ibiapina e Uranos, até a estação de trem de Olaria. Um viaduto levará ao outro lado da linha férrea, até a Estrada Engenho da Pedra, de onde o corredor deverá seguir pela Rua Ismael Rocha até encontrar a Avenida Brasil. Um viaduto sobre a avenida deverá ligar a Transcarioca à Rua Sargento Peixoto e à Avenida Brigadeiro Trompowski, na entrada da Ilha do Fundão.
Uma ponte sobre o Canal do Cunha fará a conexão com o Fundão, de onde a Transcarioca, dividida em duas, circundará o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Um outro viaduto será construído sobre a Estrada do Galeão, para dar acesso à Avenida Vinte de Janeiro, na chegada ao aeroporto, ao lado do viaduto já existente no local.
A ponte estaiada é considerada a mais importante do projeto:
- A ponte terá um projeto arquitetônico arrojado. A gente prevê a execução de um único pilar em concreto, que vai segurar com cabos de aço toda a estrutura de um vão de 80 metros. Será a ponte de entrada da cidade - disse o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto.
De acordo com o secretário, todos os viadutos e pontes serão de uso exclusivo do BRT e não haverá pistas extras para carros de passeio. Nos trechos de ruas que serão usados no projeto, o corredor terá faixas exclusivas para os ônibus - sempre respeitando a quantidade de faixas de rolamento que já existem hoje para os carros.
- Vamos agregar duas faixas para os ônibus ao longo das ruas. Por isso, se a via tiver duas faixas, passará a ter quatro. Não haverá supressão de espaço - acrescentou ele.
O número de desapropriações necessárias para o lote 2 também será determinado no projeto básico. Segundo Alexandre Pinto, a maior parte das desapropriações deverá ser feita em Ramos e Olaria, uma vez que vias previstas para o traçado - como Monsenhor Alves Rocha e Uranos - são estreitas.
Prefeitura quer número menor de desapropriações
A prefeitura trabalha com a expectativa de um número menor de remoções que o previsto para o lote 1 da Transcarioca, entre a Penha e a Barra. Nesse primeiro trecho, o município vem negociando a desapropriação de cerca de 3.600 imóveis, a um custo estimado em R$ 300 milhões. Para tentar diminuir as despesas, a Procuradoria Geral do Município tem feito $ções com moradores dos imóveis atingidos.
Ainda segundo Alexandre Pinto, o traçado prevê dez estações, mas esse número poderá sofrer modificações, de acordo com o projeto básico. Uma parada será construída no viaduto sobre a estação de trem de Olaria, para garantir integração direta com o ramal da SuperVia por rampas e escadas. O viaduto sobre a Avenida Brasil também terá uma estação, já contando com a integração com o futuro BRT da via expressa. Uma terceira parada, de maiores dimensões, será construída na Estrada do Galeão, para servir de integração com o sistema de ônibus interno da Ilha do Governador. Outras estações previstas seriam Uranos, Nerval Gouveia e Drummond (ambas na Estrada Engenho da Pedra), Brigadeiro Trompowski, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e Ilha do Governador (na entrada).
- O BRT vai passar na frente e atrás do hospital. Com isso, queremos integrar o Fundão a um sistema de transporte de massa para estudantes e funcionários - disse o secretário.
A meta da prefeitura é, uma vez conhecido o vencedor da licitação, ter o projeto arquitetônico do trecho pronto em dois meses. Isso para que o processo de licitação da obra possa ser iniciado. Os demais estudos ficariam prontos no prazo de seis meses.
- Queremos começar a obra do lote 2 ainda no primeiro semestre de 2011 - afirmou o secretário.


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