LICITAÇÃO
Publicada em 05/08/2010 às 23h03m
Luiz Ernesto Magalhães - O Globo - 05/08/2010RIO - Representantes de três dos quatro consórcios que reúnem empresas de ônibus do Rio na licitação organizada pela prefeitura para concessão do transporte público decidiram questionar a participação dos paulistas no processo. A Comissão de Licitação da secretaria municipal de Transportes recebeu recursos contra os consórcios Via Sul-Metropolitana (liderada pela Via Sul) e SP Rio (liderada pela Vila Galvão). Os concorrentes cariocas pedem a desclassificação dos paulistas alegando que elas enviaram a documentação incompleta, deixando assim, de atender exigências que estavam previstas no edital.
Os consórcios do Rio alegam que os adversários na disputa pelo direito de implantar o bilhete único até o fim do ano (tarifa de R$ 2,40) deveriam ter entregado as propostas técnicas (que detalham como implantarão e vão operar as futuras linhas) em três vias, e não apenas em uma, cabendo assim, segundo eles, a desclassificação. Outro detalhe apontado pelos cariocas é que as empresas paulistas deixaram de informar por quanto tempo valem as propostas entregues à prefeitura. Apenas o Consórcio Transoeste liderado pela Pégaso, que concorre sozinha na exploração das linhas da Zona Oeste (Lote 5), não apresentou qualquer recurso.
Advogado diz que falhas não justificam exclusãoA Comissão de Licitação só vai se manifestar oficialmente na próxima semana, em uma sessão pública em data a ser divulgada no Diário Oficial do Município. No mesmo dia, serão divulgadas as chamadas notas técnicas para os projetos. A abertura dos envelopes de preços não tem data prevista, porque dependerá da apresentação de recursos.
Procuradas, as empresas de São Paulo não retornaram as ligações. Por sua vez, a relações públicas da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do estado (Fetranspor), Suzy Baloussier, disse que o questionamento feito pelos consórcios cariocas é legítimo:
- As regras do edital previam a apresentação dos projetos em três vias, entre outras exigências. Questionar concorrentes que não cumprem regras é justo em qualquer licitação pública. Os consórcios do Rio trabalharam até as 4h da data da apresentação das propostas para cumprir as regras. Agora, a decisão está com a comissão de licitação.
Para o advogado especializado em administração pública Hermano Cabernite, as falhas cometidas pelos consórcios paulistas não seriam suficientes para eliminá-los:
- São exigências formais de editais, sem previsão legal na Lei das Licitações. Excluir concorrentes por isso me parece exagerado.
A licitação dividiu a cidade em cinco lotes. Apenas o Lote 1 (Centro) não foi licitado, por ser de operação comum. Para o Lote 2 (Zona Sul e Tijuca), concorrem o Consórcio Intersul de Transportes (liderado pela Viação Real) e as paulistas Via Sul-Metropolitana e SP Rio. O Lote 3 (Zona Norte) é disputado pelo Consórcio Internorte (liderado pela empresa Nossa Senhora de Lourdes) e pelo Consórcio SP Rio. Para o Lote 4 (Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá), há ofertas do Consórcio Transcarioca (liderado pela Viação Redentor) e da Via-Sul Metropolitana.
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