Companhia Gondolas Fluminenses
1846 - 1869
Histórico
Em 1838, no dia 17 de outubro, através de Acto Oficial (Decreto) do Ministério do Império, foi apresentado o plano de estabelecimento da Companhia Gondolas Fluminense, para o transporte regular de passageiros por meio de coches na cidade do Rio de Janeiro, com privilégio de exploração de 10 anos, com as seguintes linhas:
1ª Linha (Largo de Moura – Rocio Pequeno)
Largo do Moura, Praia de Dom Manuel, rua Fresca, Largo do Paço, rua do Ouvidor, Largo São Francisco de Paula, Praça da Constituição, rua do Conde ou Ciganos, Largo da Acclamação, rua do Areal, rua Formosa, rua do Sabão da Cidade Nova. Com 3,740 Km de extensão.
2ª Linha (Largo de Moura – Sacco do Alferes)
Largo do Moura, Praia Dom Manuel, rua Fresca, Largo do Paço, rua da Alfândega, Campo da Acclamação, rua de São Pedro, rua do Sacco, até o Ponto de Embarque. Com 3,200 Km de extensão.
3ª Linha (Largo de Moura – Pocinho da Glória)
Becco do Guindaste, rua da Misericórdia, rua da Cadea, rua dos Ourives, rua da Ajuda, Largo da Mãe do Bispo, rua do Passeio Público, rua da Lapa, Caes da Glória, até o Pocinho. Extensão de 2,640 Km
4ª Linha (Largo de Moura – Catumby)
Becco do Guindaste, rua da Misericórdia, rua São José, atrás do Carmo, rua do Cano, Largo da Constituição (atual Tiradentes), rua do Conde D´Aquem, rua do Além Campo, Lagoa da Sentinella, rua do Catumby, até a rua do Catumby Pequeno. Com 3,190 Km de extensão.
5ª Linha (Largo de Moura – Rua do Livramento)
Praia de Dom Manuel, rua Fresca, Largo do Paço, rua Direita, rua de São Pedro, Largo do Capim, rua Estreita de São Joaquim, rua do Vallongo, Largo e Praia do Vallongo, até a embocadura da rua do Livramento. Extensão de 1,970 Km.
As Gondolas eram coches, de tração animal, com capacidade para 9 passageiros sentados, sendo 4 de cada lado e um no fundo. A Tarifa era de 120 réis nos dias úteis e 160 réis nos domingos e feriados. Eram puxados por uma parella (dupla) de bestas. Havia um recebedor para admissão e cobrança dos passageiros. Circulavam das 7h às 22h, sendo o serviço suspenso no período das 11h às 14h. Cada linha foi planejada inicialmente para operar com 4 carros, com intervalos de 15 minutos. Na época os omnibus funcionavam ainda a título experimental (ensaios), e eram considerados decadentes por operar com menor número de carros.
A empresa foi organizada em 1841. No entanto o serviço de gondolas só foi inaugurado em 7 de janeiro de 1846. A primeira linha ligava o Largo do Moura ao Rocio Pequeno (Cidade Nova). Cobravam a módica quantia de 6 vinténs, ou seja, 120 réis nos dia úteis e 160 réis nos domingos e dias santos de guarda. Os carros, com capacidade para 10 passageiros, eram semelhantes aos omnibus, com a diferença do recebedor ir na parte de fora.
Em 2 de março de 1846, em função de prejuízos causados à Companhia Fluminense dos Omnibus, o Governo Imperial alterou o ponto final das 3ª e 4ª linhas das Gondolas, na primeira o ponto final passou do Pocinho da Glória para o Largo da Lapa, e na segunda, da rua do Catumby Pequeno para o Largo da Sentinella, atual esquina das ruas Mem de Sá e Frei Caneca.
Em primeiro de novembro de 1846, foi inaugurada a linha para a rua do Livramento.
Em primeiro de janeiro de 1847, foi inaugurada a linha entre o fim da rua do Livramento (na Praia de Gamboa) até o ponto do embarque na Praia do Sacco do Alferes. Contava com 2 carros, tarifa de 80 réis e intervalos de 15 minutos. Passava pela rua da Gamboa, Cemitérios dos Inglezes, rua da União até o ponto final na Praia do Sacco do Alferes.
Em primeiro de abril de 1847, com 2 carros, foi inaugurada a linha, a título experimental, uma linha para atravessar os dois lados do Campo de Sant´Anna.
No dia 12 de setembro de 1847, o Chefe de Polícia ordena que a partir de 13 de setembro todas as seges, carros, omnibus, gondolas, carroças e outros veículos quem circulem em sentido à rua Direita (atual Primeiro de Maço) sigam somente pelas ruas São Pedro, da Alfândega, do Rosário, do Cano, e de São José, e em sentido contrário pelas ruas do Sabão, do Hospício, do Ouvidor, e da Cadeia.
Em 7 de fevereiro de 1850, através do Decreto nº 669, as passagens das gondolas foram reajustadas de 120 réis nos dias úteis e 160 réis nos domingos para 200 réis em todos os dias da semana.
Diário do Rio de Janeiro, 27/03/1850
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Em janeiro de 1851, a companhia foi autorizada pela Câmara Municipal a transferir o ponto inicial de suas linhas do Largo do Moura para a rua Direita, no trecho entre a rua do Ouvidor e a Igreja do Carmo.
Linhas em 1852, segundo o Almanak Laemmert
Rocio Pequeno, atual Praça Onze
Pocinho da Glória
Rua do Livramento
Catumby
Em 6 de julho de 1852, a linha do Pocinho da Glória foi prolongada até o Largo do Machado. No mesmo ano foi criada a linha para o Cosme Velho, com duas saídas do Cosme Velho pela manhã.
Correio Mercantil, 14/04/1853
Em 3 de agosto de 1853, foi inaugurada a linha da rua Real Grandeza de Botafogo.
Em 20 de agosto de 1853, foi extinta a linha do Catumby.
Em 1854, a linha do Jardim Botânico foi suspensa. Em contrapartida em 23 de dezembro dezembro de 1853 foi inaugurada a linha do Rio Comprido.
Linhas em janeiro de 1854
Largo do Machado
Laranjeiras
Botafogo
Rio Comprido
Andarahy
Linhas em abril de 1854
Laranjeiras
Botafogo
Rio Comprido
Andarahy
Linhas em janeiro de 1855
Laranjeiras
Botafogo
Rio Comprido
Andarahy
Praça da Glória
Em 26 de fevereiro de 1855, foi reativada a linha para o Jardim Botânico, com duas viagens por sentido, sendo uma pela manhã e outra pela tarde.
Jornal do Commercio, 27/10/1855
Correio Mercantil, 29/10/1855
Linhas em janeiro de 1856
Botafogo
Jardim Botânico
Laranjeiras
Diário do Rio de Janeiro, 21/04/1857
Diário do Rio de Janeiro, 28/06/1857
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Jornal do Commercio, 24/06/1859
A partir de 9 de setembro de 1859, os bilhetes de hora da Gondolas Fluminenses passaram a ser vendidos na rua Direita, 7.
Em 1860, a Companhia das Gondolas Fluminense contava com quatro linhas, ambas partindo do Largo do Paço: para o Largo do Machado, Botafogo, Real Grandeza e Jardim Botânico.
Por outro lado, a Companhia dos Omnibus operava sete linhas a partir do Largo São Francisco de Paula: para São Christovão, Andarahy, Botafogo, Real Grandeza, Laranjeiras, Engenho Velho e Rio Comprido.
Linhas em junho de 1863
Botafogo
Larangeiras
Real Grandeza
Jardim Botânico
Fonte: Diário do Rio de Janeiro, 09/06/1863, p.1
Ponto final na rua Direita, atual Primeiro de Março, em 1866
Largo São Francisco de Paula em 1866
Correio Mercantil, 22/12/1867
As Gondolas circularam até 1869, desaparecendo devido a concorrência dos bondes, que circulavam suavemente sobre os trilhos, sem os buracos e solavancos das vias carroçáveis.
Rede da Gondolas Fluminenses
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Vídeo - Linhas da Gondolas Fluminenses
Cocheiras
rua de São Leopoldo, Cidade Nova
Pocinho da Glória, rua do Cattete, 32
Mapas
Primeiras linhas concedidas à Companhia Gondolas Fluminense. Rede em 1850. Para visualização direta no Google Maps, modo satélite.
Linhas da Companhia Gondolas Fluminense em 1860. Para visualização direta no Google Maps, modo satélite.
Linhas da Companhia Gondolas Fluminense no período 1850-1860, em formato kmz (8KB), para download e visualização no Google Earth Pro.
Primeiras linhas concedidas à Companhia Gondolas Fluminense. Rede em 1850. Para visualização direta no Google Maps, modo satélite.
Linhas da Companhia Gondolas Fluminense em 1860. Para visualização direta no Google Maps, modo satélite.
Linhas da Companhia Gondolas Fluminense no período 1850-1860, em formato kmz (8KB), para download e visualização no Google Earth Pro.
REFERÊNCIAS:
Gondolas Fluminenses. Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 06 janeiro 1846. p.2.
Os carros da companhia denominada Gondolas Fluminenses. Jornal do Commercio. Rio de Janeiro. 08 janeiro 1846. p.2.
Gondolas Fluminenses. Diário do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 12 março 1846. p.2.
Ministério do Império. Correio Mercantil. Rio de Janeiro. 28 março 1850. p.1.
Parte Official. Diário do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 31 janeiro 1851. p.1.
Página lançada em 16 de agosto de 2018.
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