Omnibus

Companhia Fluminense dos Omnibus
1837 - 1882

Histórico

Em 14 de setembro de 1837, é baixado o Decreto de concessão à Companhia de Omnibus, com privilégio exclusivo por 10 anos na exploração de três linhas de coches regulares, todas partindo da Praça da Constituição, atual Praça Tiradentes:

São Christóvão
Botafogo
Ponte da Segunda-feira, no Engenho Velho, Tijuca  




Em 26 de outubro de 1837 a diretoria da companhia delibera que de preferência os 8 carros da frota inicial deveriam ser fabricados na Corte, em vez de serem importados da Europa. No dia 3 de novembro de 1837, foram recebidos nos escritórios da Companhia, na rua da Quitanda, os interessados na fabricação dos mesmos, onde recebem as condições para a fabricação dos primeiros carros.



Em 1837, quando a cidade contava com cerca de 137 mil habitantes, é inaugurada a operação provisória do serviço de ônibus de tração animal, conhecidos na França como omnibus. Com frota de quatro carros de dois pavimentos, inicia o serviço na linha entre o Rocio Grande (atual Tiradentes) e a Praia de Botafogo. Os carros, cada um tracionado por 4 animais, eram importados da França, pintados de vermelho e tinham capacidade para 20/24 passageiros.  Depois foram adquiridos novos coches, com capacidade para 15 passageiros.

Em primeiro de julho de 1838, foram inauguradas as linhas de São Christóvão e Botafogo, com 6 saídas diárias por sentido, com os seguintes horários: 7h, 8h, 9h30, 15h, 16h e 17h30.

A partir do dia 15 de julho de 1838, é iniciada a venda antecipada de bilhetes, reservando o dia e horário.

No dia 4 de outubro de 1838, é inaugurada a linha para o Campo do Machado, atual Largo do Machado.

Linhas da Companhia em agosto de 1839, todas saindo da Praça da Constituição (atual Tiradentes):

Botafogo (atual Mourisco)
Engenho Velho (atual Largo da Segunda-feira)
Areal das Larangeiras
São Christóvão (portão da Imperial Quinta da Boa Vista)

A partir do dia primeiro de maio de 1839, para maior comodidade, a linha de São Christóvão ganha novo itinerário, partindo da rua do Conde (atual Frei Caneca), na esquina do Quartel da Cavallaria (Praça Tiradentes), seguindo pelas ruas do Areal (atual Moncorvo Filho), Formoza (atual General Caldwell), São Pedro (atual Presidente Vargas), Aterrado (atual Presidente Vargas/, Mangue), Ponte do Aterrado (atual trevo das Forças Armadas), até o ponto final, no portão da Quinta Boa Vista.

Anúncio - Pequeno Almanak de 1842

A partir de 1841, aos domingos e dias santos (feriados), circulavam omnibus extraordinários entre a Praça da Constituição (Tiradentes) e o Jardim Botânico, já considerado um dos principais pontos turísticos e de recreio da Capital.

Por volta de 1842, é criada a linha para o Andarahy Pequeno.

Em 1845, no dia primeiro de março, é inaugurada a linha para o Rio Comprido, via Matta Porcos, com ponto final no portão da chácara do Sr. Bispo.

Em 1846, é inaugurada a linha para o Largo do Valdetaro, atual rua do Catete, em frente ao Palácio do Catete. A linha, no entanto, teve vida curta, sendo desativada.

Em janeiro de 1846, a segunda empresa de omnibus da cidade, a Companhia Gondolas Fluminense, entra em operação.

Em 12 de março de 1846, a Companhia de Omnibus alegando concorrência desleal e privilégio na exploração da área, reclamava que as linhas Pocinho da Glória e Catumby da companhia Gondolas Fluminenses deveriam ser encurtadas, respectivamente, até o Largo da Lapa e Lagoa da Sentinella, nas proximidades da atual Praça Cruz Vermelha.

No dia primeiro de junho de 1846, é inaugurada a linha para a Rua Nova do Imperador, seguindo pelas ruas dos Siganos (atual Constituição), Campo de Santa Anna e Aterrado (atual Presidente Vargas), até o fim da Rua Nova do Imperador (atual Mariz e Barros), fazendo ponto final na rua São Francisco Xavier.  No mesmo dia, a linha de São Christóvão é prolongada até a Segunda Cancella. Em março de 1860 a linha da Rua Nova do Imperador é prolongada até a Babylonia
.

Linhas da Companhia em outubro de 1846

Botafogo 
Larangeiras 
São Christóvão 
Rua Nova do Imperador 
Engenho Velho 
Rio Comprido 
Andarahy

A partir de primeiro de novembro de 1846, nas manhãs dos dias úteis, os carros da Companhia passam a realizar o desembarque de passageiros na rua Direita, no trecho entre as ruas do Hospício e do Ouvidor. Pela tarde, saíam do mesmo ponto da Rua Direita, e retornavam até a Praça da Constituição. Com exceção das linhas de Botafogo e Larangeiras, que permaneceram com ponto final na Praça da Constituição.


Jornal do Commercio, 26/09/1847, p.1
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Em 1848, no dia 15 de março, é publicado um Decreto, prorrogando o privilégio de exploração à Companhia Fluminense dos Omnibus por mais 10 anos, passando a findar no dia 28 de junho de 1858.


Correio da Tarde, 15/02/1850, p.4
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Correio Mercantil 06/04/1850



Linhas em 30/12/1851

Praça da Constituição – Jardim Botânico
Praça da Constituição – Botafogo
Praça da Constituição – Areal das Larangeiras
Praça da Constituição – Engenho Velho (Tijuca)
Praça da Constituição – Rio Comprido
Praça da Constituição – Andarahy Pequeno
Praça da Constituição – São Christóvão
Praça da Constituição – Rua Nova do Imperador
Largo do Paço – Jardim Botânico

Em 1852, todo o material rodante era fabricado em oficinas próprias, dentro do estabelecimento. 
Diariamente eram usados 10 carros de diversas lotações, com outros tantos de reserva. Tinha cerca de 300 muares para o serviço.


Diário do Rio de Janeiro, 08/09/1854

Jornal do Commercio, 27/10/1855, p.3

O Grito, 23/03/1856, p.3
Em abril de 1856, com a proibição da circulação dos omnibus nas ruas estreitas do Centro, após pedidos dos moradores dos aristocráticos bairros do Cattete e Botafogo, os omnibus e gondolas passaram a seguir pela rua de Santa Luzia até o Largo do Paço. 

Em primeiro de março de 1858, o ponto final das linhas e o escritório de venda de bilhetes foi transferido para o Largo São Francisco de Paula, ao lado da Igreja.



Brasil Commercial, 26/04/1858, p.3


Em primeiro de julho de 1858 é desativada a Linha de Bemfica, em contrapartida a linha Largo São Francisco de Paula - São Christóvão foi reforçada com mais horários.

Em 20 de março de 1860 é inaugurada a linha do Pedregulho, com duas saídas diárias por sentido, uma de manhã e outra à tarde.

No dia primeiro de setembro de 1860, o ponto final da Linha Portão Vermelho (atual Tijuca Tenis Clube) é transferido para a Fábrica das Chitas (atual Praça Gabriel Soares).


Almanak Laemmert, 1862, p.415


Linhas em junho de 1863

Botafogo
Larangeiras
Portão Vermelho, atual rua Pinto de Figueiredo
Andarahy
Fábrica das Chitas, atual alto da rua Desembargador Isidro
São Christóvão
Rio Comprido

Fonte: Diário do Rio de Janeiro, 09/06/1863, p.1


Largo de São Francisco de Paula por volta de 1865
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Linhas em 1866

Andarahy
Fábrica das Chitas
Portão Vermelho, atual esquina da rua Pinto de Figueiredo

Em 1868, após o sucesso das primeiras linhas de bonde da Companhia Jardim Botânico, são extintas as linhas da Companhia de omnibus da Zona Sul para o centro da cidade, sobrando apenas a linha entre a Praia de Botafogo e o Largo das Três Vendas, na Gávea, que operava em correspondência com os bondes da mesma companhia, na Praia de Botafogo. A população dava preferência aos bondes por estes circularem sem trepidação, "deslizando" sobre os trilhos, enquanto os ônibus circulavam em vias com pavimentação irregular.

Diario do Povo, 07/02/1869, p.3


Em 1882, não resistindo a concorrência, a Companhia de Omnibus foi vendida à Companhia Jardim Botânico de bondes de tração animal.

Mapa - Rede da Companhia dos Omnibus 
Vídeo - Linhas da Companhia dos Omnibus 


Linhas entre 1837 e 1882
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O Paiz, 10/06/1910, p.1

O Paiz, 17/06/1910, p.1


Sedes

Cocheiras: rua do Lavradio, 33-35. Um vasto terreno na rua do Senado, entre as ruas do Lavradio e Inválidos.

Escritório: rua Espírito Santo nº 40, depois transferido para a rua do Senado.


REFERÊNCIAS:

Tendo a Directoria da Companhia dos Omnibus. Diario do Rio de Janeiro. 1837, outubro, 28. p.2.

Declarações, Companhia Fluminense dos Ônibus. Diário do Rio de Janeiro. 1838, junho, 30. p.2.

Companhia Fluminense dos Ônibus. Diário do Rio de Janeiro. 1838, julho, 14. p.2.

Companhia Fluminense dos Ônibus. Diário do Rio de Janeiro. 1845, fevereiro, 28. p.2.

Companhia Fluminense dos Ônibus. Diário do Rio de Janeiro. 1846, maio, 30. p.1.

Companhia Fluminense dos Ônibus. Diário do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 03 novembro 1846. p.2.

Decreto. Diario do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 01 julho 1858. p.3.

Companhia Fluminense dos Ônibus. Diário do Rio de Janeiro. 28 fevereiro 1845. p.2.

Omnibus e Gondolas. O Grito Nacional. 02 abril 1856. Rio de Janeiro. p.4.

Página lançada em 11 de junho de 2018.

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