1940 - 1949


Histórico

Em 1940, a Inspectoria de Tráfego proibe  a ultrapassagem dos ônibus nas praias do Flamengo e de Botafogo, afim de evitar o excesso de velocidade e eventuais acidentes.

Em 23 de maio de 1940, o prefeito Henrique Dodsworth revoga a proibição da organização de novas empresas de ônibus, em vigor desde 1933 na gestão do Prefeito Pedro Ernesto.


O Globo, 24/05/1940


Em agosto de 1940, o sistema de ônibus do Distrito Federal contava com 39 empresas e 755 carros, sendo 20 empresas na zona urbana com 620 carros e 19 empresas na zona suburbana com 135 carros. 



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Em 10 de outubro de 1941 foi fundado o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro.

Em dezembro de 1941, circularam os últimos ônibus de dois andares da Viação Excelsior em operação desde 1926. Partes dos chassis foram reencarroçados com seus motores convertidos ao gasogênio.

Em abril de 1942, devido às dificuldades de importação de peças e combustíveis provocadas pela II Guerra Mundial, uma das maiores empresas da cidade, a Cruz de Malta, suprime diversos horários de suas linhas.

Em maio de 1942, início do racionamento oficial de combustível, imposto pela guerra, que perdurou até meados de 1945. Em função da paralisação dos carros oficiais e particulares os bondes e ônibus passam a circular superlotados. Também é criado, a título precário, o serviço de táxi lotação, inicialmente no horário das 17h às 20h.

Em 1942, a Viação Excelsior era a única empresa a operar ônibus a gasogênio, com 14 veículos na linha Tijuca - Praça Mauá.

Visando a economia de combustível a prefeitura altera horários e itinerários de linhas de ônibus. No Centro foi reduzida a circulação de ônibus na Avenida Rio Branco, com a transferência dos pontos finais das linhas da Zona Norte pra Praça Mauá e da Zona Sul para o Castelo.

No período da Guerra, enquanto a população da cidade crescia, diminuía o número de ônibus e bondes em operação em função da dificuldade de importação de ônibus e peças.

Em 1943, o sistema de ônibus municipal, incluindo linhas urbanas e suburbanas, transportava diariamente 270 mil passageiros.

Em 1943, para atenuar os efeitos da paralisação do transporte pela falta de combustível, o Serviço de Trânsito libera a circulação de autos-lotação não licenciados, apenas  no período das 17h às 20h. Em função da falta de transporte, gradativamente o horário foi sendo ampliado. Permitiu-se, a título precário, o transporte remunerado de passageiros por motoristas amadores em carros particulares, bem como em veículos de carga. Em outubro de 1946 a cidade contava com frota de 246 camionetas licenciadas. No entanto, no mesmo mês entra em vigor uma nova portaria, liberando o serviço de lotação em qualquer horário. Em poucas semanas foram registrados 245 novas camionetas, duplicando assim a oferta de autos-lotação na Cidade.

Número de autos-lotação

1943 246
1946 438
1947 747
1948 1.319
1949 1.692

Em março de 1943, a Prefeitura dá uma prazo de 3 meses para as empresas de ônibus adaptarem 10% de sua frota ao gasogênio. As seguintes empresas deveriam acatar à intimação: Empresa Limousine Federal, Empresa Ônibus de Luxo, Independência Auro Ônibus, Renascença Auto Ônibus, Viação Brasil, Viação Brasileira de Ônibus, Viação Carioca,   Viação Central, Viação Continental, Viação Cruz de Malta, Viação Cruzeiro do Sul, Viação Elite, Viação Estrela do Norte, Viação Excelsior, Viação Glória, Viação Oriental, Viação Popular, Viação Santa Cecília, Viação Santa Helena, Viação São Jorge, Viação Suburbana, Viação Vitória. No ano seguinte a exigência de ônibus adaptados a gasogênio é ampliada para 20% da frota das empresas.

Em outubro de 1943, o Conselho Nacional de Trânsito aprova a proposta do Touring Club do Brasil de instalação do primeiro terminal rodoviário para linhas de ônibus interestaduais, junto ao edifício sede da Polícia Marítima na Praça Mauá.
Linhas de Ônibus em 1943

Avenida Rio Branco em março de 1944
Foto Diários Associados
Coleção IMS


Linhas Expressas

Em 11 de outubro de 1944, início da operação, ainda a título experimental, das primeiras linhas expressas, beneficiando inicialmente os bairros do Leblon, Ipanema e Copacabana. A viagem Ipanema – Centro, que até então era realizada em 30 minutos, passa a ser feita em 20 minutos. As novas linhas só efetuavam paradas para embarque e desembarque de passageiros entre os pontos finais da Zona Sul até  Copacabana, seguindo diretamente para o Centro até Praça Paris, onde voltavam a realizar paradas.

As nove linhas circulavam somente nos horários de  pico, em horários alternados ao serviço convencional. Das 9 linhas 5 partiam de Ipanema (3, 11, 12, 63 e 64), duas do Leblon (66 e 67) e duas de Copacabana (2 e 53). 

Empresa Frota (Parador) Frota (Expresso)

Limousine Federal 28 23
Viação Victoria 10 10
Ônibus de Luxo   6   6
Viação Excelsior   6   6
Viação Carioca 13 12
Viação Elite       7   7

As linhas 3 (Castelo-Ipanema), 11 (Tijuca-Ipanema), 12 (Estrada de Ferro-Ipanema), 63 (Castelo-Ipanema), 66 (Castelo-Leblon), 67 (Castelo-Leblon) apanhavam passageiros até a rua Constante Ramos, daí parando somente na rua Siqueira Campos e Lido, seguindo direto até a Praça Paris. A linha 2 (Castelo-Forte de Copacabana) parava apenas nas ruas Constante Ramos, Siqueira Campos e Barata Ribeiro na altura da Belford Roxo. A linha 53 (Castelo-Praça Eugênio Jardim) parava apenas na rua General Polydoro esquina com a rua São João.  No mesmo mês também foram realizadas experiências de linhas expressas na Zona Norte. A criação do serviço foi uma iniciativa, uma campanha do Jornal o Globo, inspirado no recém-criado serviço de linhas expressas de bondes da Light. Há alguns anos já circulavam linhas de bonde diretas na Zona Norte, sem paradas em pontos intermediários.

Auto-Lotação

Em 27 de junho de 1945, é liberado o serviço de táxi-lotação na Avenida Rio Branco, no trecho  entre a Praça Mauá  e o Palácio Monroe. O serviço foi criado, a título precário,  em função da falta de transportes. O serviço, com tarifa de 1 cruzeiro,  só era permitido nas linhas de táxi-lotação provenientes da Zona Norte. Exceto nas horas  de maior movimento,  das 7h às 10 e das 17h às 20h, era permitida a operação de linha de táxi-lotação entre a Praça Mauá e o Palácio Monroe. A Linha 1 (Mauá – Monroe), que deveria estar sendo operada por um pool de empresas de ônibus, funcionava precariamente, com poucos carros, apenas pela empresa Excelsior. Em fevereiro de 1946 a linha corria o risco de paralisação.

Novos Ônibus

Após o fim da Guerra e o restabelecimento da indústria automobilística norte-americana, a Prefeitura lançou o programa de financiamento para a compra de modernos ônibus de última geração. Enquanto isso,  os motoristas de táxi-lotação, que operavam o serviço título precário durante a  guerra, adquirem camionetas de oito lugares para o serviço de lotação, abrindo franca concorrência às empresas de ônibus.


Os primeiros ônibus de maior capacidade
Diário de Notícias, 03/10/1946


Principais Linhas

A linha com maior demanda da cidade era a  73 (Lapa - Praça Sáenz Peña) da Viação Central, transportando em 1946 5.732.657 passageiros, seguida da linha 1 ( Mauá - Monroe) com 5.657.433 passageiros, operada por um pool de 16 empresas.

A linha S-31 (Tanque - Recreio dos Bandeirantes) da Viação Ideal era a mais extensa, com 33,6 km de extensão. 

Variante

Em meados de 1945, foi concluída a construção do trecho Caju - Avenida Lobo Junior da Avenida Brasil, a primeira via expressa da cidade, facilitando o acesso a Petrópolis e Duque de Caxias. Na época a via era conhecida como Variante Rio-Petrópolis.

Frota

Em 1948, a frota de ônibus municipal ultrapassa a marca de 1.000 unidades, assim distribuídos por capacidade:

Até 24 passageiros   17
entre 25 e 29                 442
entre 30 a 34                 170
entre 35 a 39                 267
acima de 39                 128

Total              1.024


Distribuição das Linhas de Ônibus em 1948 

Ligação           Número Número 
          de Linhas      de Ônibus

Zona Sul-Centro     13        100
Zona Norte-Centro   20        206
Zona Sul-Zona Norte  19        321
Zona Sul (Interno)      2            2
Zona Norte (Interno)      25        185
Centro (Interno)          1          14
Ilhas           2            6

Total         82        834

Novas linhas de ônibus em 1947

S-5 - Meyer - Cascadura, Viação Norma
S-18 - Marechal Hermes - Bento Ribeiro, Viação Metrópole
S-26 - Madureira - Rocha Miranda (restabelecida), Estrella do Norte
S-8 - Meyer - Irajá, Santa Helena
Praça Tiradentes - Braz de Pinna
Engenho de Dentro - Praça Mauá
Castelo - Leblon
Cascadura - Escola de Aviação
Campo Grande - Barra de Guaratiba
Praça Mauá - Ramos
Usina - Lido
Cascadura - Freguesia
Cascadura - Marechal Hermes
Grajaú - Laranjeiras
Praça 15 de Novembro - Lido
Mauá - Penha
Grajaú - Constante Ramos
Candelária - Engenho de Dentro
Leopoldina - Nossa Senhora da Paz

Linhas prolongadas em 1947

Campo Grande - Mendanha para Campo Grande - Serrinha
Meyer - Olaria para Meyer - Penha
Lins de Vasconcellos - Largo de Santa Rita para Lins - Urca

Novas linhas em 1948

56 - Castelo - Jockey Club, GMC-Coach
94 - Olaria - Praça Mauá, 7 ônibus
100 - Maracanã - Praça Nossa Senhora da Paz, 8 carros Transit-bus
105 - Grajaú - Copacabana, 6 carros
107 - Grajaú - Laranjeiras
114 - Estrada de Ferro - Leblon, 8 carros GMC-Coach
115 - Grajaú - Cosme Velho, 10 Reo-Coach
133 - Meyer - Forte de Copacabana, GMC-Coach

Novas linhas suburbanas em 1948

Ribeira - Vila Guarabu (Ilha do Governador)
Cascadura - Penha, 6 carros
Penha - Irajá, 2 carros

Linhas prolongadas em 1948

Lapa - Penha, 6 carros
10 - Mauá - Aeroporto (Mercado), 10 carros
Jockey Club - Jardim Zoológico, linha especial, Quinta da Boa Vista

Renovação da Frota

Em maio de 1949, quase 100 ônibus do tipo gostosão se encontravam retidos no porto de New York por problemas burocráticos aguardando o embarque para o Brasil,  enquanto não fosse feita a cobertura em dólares do valor dos ônibus pelo Banco do Brasil. Somente a Viação Nacional, concessionária da Linha 109 (Malvino Reis – General Osório ) tinha 20 ônibus retidos.

Demanda

No final da década de 1940, o sistema de ônibus municipal  transportava diariamente 600 mil passageiros, excluindo os lotações.

Controle da velocidade

O Jornal, 01/07/1948


Em 12 de novembro de 1949, tornou-se obrigatório o uso de aparelhos reguladores de velocidade nos ônibus da capital.


O Jornal, 19/02/1950


REFERÊNCIAS:

As novas linhas de ônibus. A Noite. Rio de Janeiro. 22 junho 1948. p.9.

Anuário Estatístico do Distrito Federal. Prefeitura do Distrito Federal. 1949. Ano 1, nº 1. 

A marcha dos acontecimentos do ano que findou. Diário de Notícias. Rio de Janeiro. 01 janeiro 1959. p.6.

Ônibus na Avenida Brasil. A Noite. Rio de Janeiro. 05 janeiro 1945. p.7.

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