1930 - 1939
Em 1930, os ônibus realizavam apenas cerca de 5% do total de viagens em transporte coletivo. Ainda era considerado um modal auxiliar, cabendo aos bondes e aos trens suburbanos o transporte da maior parte da população.
Em 1930, em função do expressivo crescimento populacional da cidade, junto com a superlotação dos bondes e o início dos congestionamentos na Avenida Rio Branco, a Light propõe a reestruturação do transporte coletivo na cidade, com a construção de uma linha de metrô de 12 km de extensão entre a Praia de Botafogo e o Colégio Militar, com recursos da Prefeitura.
Em 29 de dezembro de 1930, é baixado o Decreto nº 3.200, regulamentando o serviço de ônibus na Cidade, entre outras medidas exigia o uso de veículos com comprimento máximo de 10 metros, largura de 2,40 metros e capacidade superior a 21 passageiros. Não seria permitido o transporte de passageiros em pé. O intervalo máximo entre cada veículo seria de 30 minutos. Os veículos com capacidade entre 7 e 20 passageiros eram considerados auto-lotação. A nova regulamentação foi baixada em função do antigo Decreto nº 1.093 de 7 de junho de 1906 não mais corresponder às necessidades da população.
Em dezembro de 1931, só havia uma linha de omnibus diametral na cidade, a Muda da Tijuca - Leblon.
Em 1931, o Grupo Light, em sua política de controle do mercado de transporte coletivo tinha apenas 6 empresas de ônibus concorrentes com frota total de 82 carros contra os 146 carros da Viação Excelsior. A Light aguardava a falência das empresas concorrentes, o que nunca ocorreu, pois em 1933 o número de empresas concorrentes já tinha dobrado.
Em 1931, a Inspectoria de Vehiculos estudava proibir o tráfego de auto-omnibus na avenida Rio Branco durante as horas de maior movimento, visando diminuir os engarrafamentos. Em outubro de 1931, o Interventor no Distrito Federal nomeou uma comissão para estudar o problema da viação no Distrito Federal. A comissão era composta por Alvaro Campos de Oliveira, Arthur Pereira, José Luiz Baptista, José Garcia Braga e Jeronymo Martins. Reuniram-se pela primeira vez em 30 de outubro de 1931.
Em 1932, as linhas de omnibus da Zona Sul transportavam diariamente cerca de 25 mil passageiros, enquanto os bondes da companhia Jardim Botânico 220 mil passageiros.
Em 20 de agosto de 1933, visando melhorar a fluidez do trânsito, a Inspectoria de Tráfego instala as primeiras placas indicativas na Avenida Rio Branco estabelecendo as paradas dos omnibus.
Edital da Inspectoria de Concessões da Prefeitura do Districto Federal. Jornal do Brasil, 03/10/1934, p.20
Edital da Inspectoria de Concessões da Prefeitura do Districto Federal. Jornal do Brasil, 14/12/1934, p.18
O Imparcial (BA), 14/08/1935
Em maio de 1936, a cidade do Rio de Janeiro tinha 725 auto-omnibus em tráfego, sendo 580 na zona urbana e 145 na zona suburbana.
Em 16 de junho de 1936, o vereador Jansen Muller reclamava ao presidente da Câmara Municipal que todas as empresas de ônibus conseguiam suas concessões com dificuldade, com exceção da Light. O fato não era nenhuma novidade pois ocorria desde que a Light começou a operar omnibus na cidade do Rio de Janeiro. Reclamava também que o plano de prefeitura de retirar os omnibus da Avenida Rio Branco só beneficia a Light. Sem contar que a Inspectoria de Concessões cria empecilhos que dificulta às pequenas empresas criarem linhas diametrais ligando bairros distantes como Villa Isabel e Ipanema.
Em julho de 1937, considerando os congestionamentos e a grande concentração de linhas de ônibus na Avenida Rio Branco, o engenheiro J.P.de Lemos Netto sugere, num artigo da Revista da Diretoria de Engenharia, a implantação de uma linha de ônibus única na Avenida Rio Branco interligando dois terminais periféricos, o primeiro na Praça Paris para as linhas da Zona Sul e o segundo na Praça Mauá, para as linhas da Zona Norte. Talvez tenha sido a primeira proposta de sistema tronco-alimentador na cidade.
Em outubro de 1937, as linhas de ônibus passam a ser numeradas. Cada dezena representava um logradouro ou região usada como ponto final no Centro:
Praça Mauá 01 ao 10
Linhas Duplas 11 ao 19
Palácio Monroe 20 ao 39
Club Naval 40
Palace Hotel 50
Castelo 60
Lapa 70
Largo de Santa Rita 80
Arsenal de Marinha 90
Avenida Rio Branco por volta de 1938
Em 1938, o sistema de omnibus municipal transportava diariamente cerca de 255 mil passageiros, sendo 32 mil na zona rural.
Em 1939, devido a falta de combustíveis provocada pela guerra, foi criada uma comissão nacional visando promover o uso do gasogênio. Em fevereiro de 1939, o Decreto n° 1.125 determinava que 10% dos veículos de toda empresa de ônibus deveria operar com gasogênio. O primeiro ônibus a gasogênio só circulou em 27 de fevereiro de 1940.
Em 1939, o sistema de ônibus do Distrito Federal contava com 33 empresas e 104 linhas. Os autos-lotação, caracterizados como veículos com capacidade de até 20 passageiros, só tinham permissão para circular nas áreas suburbanas. A cidade contava com frota de 20 lotações, todos operando em linhas suburbanas.
Em 3 de março de 1939, através do Decreto nº 6.426 é criada a Comissão de Transporte Coletivo, para estudar o problema do transporte e elaborar um ante-projeto de unifcação e coordenação do transporte coletivo no Distrito Federal. A comissão funcionou entre os dias 17 de abril e 30 de outubro de 1939.
Em 21 de março de 1939, a Viação Vitória inaugura o primeiro serviço de ônibus noturno da cidade, na linha 6 (Mauá - Leblon) com intervalos de 30 minutos.
Em junho de 1939, os ônibus transportam 8.177.762 passageiros contra 44.203.681 passageiros dos bondes. Em função de sua rapidez o ônibus se tornaram cada vez mais atrativos frente aos bondes, atraindo número cada vez maior de passageiros. Os bairros não atendidos por linhas de bondes, principalmente nos subúrbios, solicitavam novas linhas de ônibus à Prefeitura. A cidade, já com 2 milhões de habitantes, não parava de crescer. A Light pouco investia na ampliação das linhas de bonde e praticamente não investia na renovação e ampliação de sua frota. A última compra de bondes foi realizada na década de 1910. A cidade então contava 839 omnibus municipais, 5.655 veículos de carga, 16.880 automóveis particulares e 864 veículos oficiais.
Avenida Rio Branco em meados da década de 1930
Ponto final de linhas de omnibus da Zona Norte na Avenida Rio Branco
em 1939 na altura do Palácio Monroe
Foto Revista Life
Na década de 1930, o número de empresas de ônibus é reduzido, não por falências, mas por fusões de empresas menores. O número de empresas passa de 56 para 37. Também surgem as primeiras empresas de ônibus interestaduais. Inexistentes em 1933, passando para 9 empresas em 1939.
Linhas de Ônibus Interestaduais em 1939
Linha Via Nº de empresas
Barbacena Petrópolis e Juiz de Fora 1
Juiz de Fora Petrópolis 3
Bananal (SP) 1
Petrópolis 2
São Paulo 2
Principais linhas de ônibus em junho de 1939
Urbanas Passageiros/mês
Tijuca - Ipanema 736.713
Estrada de Ferro - Urca 385.348
Club Naval - Laranjeiras 302.711
Lapa - Sáenz Peña 287.327
Usina - Ipanema 266.114
Monroe - Maria Luiza (Lins) 259.154
Lapa - Francisco Sá 251.984
Palace Hotel - Eugenio Jardim 221.394
Monroe - Abolição 200.100
Mauá - Forte de Copacabana 197.045
Mauá - Jockey Club 186.255
Rio Comprido São Salvador 182.009
Suburbanas Passageiros/mês
Meyer - Oswaldo Cruz 111.343
Meyer - Ramos 87.148
Penha - Vigário Geral 74.255
Madureira - Irajá 70.867
Cascadura - Ramos 41.238
Santa Cruz - Sepetiba 38.718
Cascadura - Cavalcanti 33.218
Olaria - Praia Maria Angu 32.894
Madureira - Coelho Neto 32.225
Cascadura - Deodoro 28.340
REFERÊNCIAS:
O Itinerário dos omnibus. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 10 dezembro 1931. p.5.
Edital. Expediente do dia 02 outubro de 1934. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 03 outubro 1933. p.20.
Edital da Inspectoria de Concessões da Prefeitura do Districto Federal. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 14 dezembro 1934. p.18.
Serviço de omnibus automóveis. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 05 maio 1936. p.24.
Câmara Municipal do Districto Federal. Acta da 27ª Sessão Ordinária em 17 de junho de 1936. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 18 junho 1936. p.13.
A Nova Numeração. A Noite. Rio de Janeiro. 11 outubro 1937.
O Negócio de Omnibus. O Observador Econômco e Financeiro. Maio de 1939.
O Serviço de Omnibus. Correio da Manhã. Rio de Janeiro. 12 setembro 1939. p.4.
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