10/10/2015 - O Globo
RIO — A Secretaria municipal de Obras multou em R$ 137,1 mil o Consórcio Transbrasil, devido a atrasos nas obras de implantação do BRT Transbrasil. O projeto prevê a implantação de um corredor de ônibus articulados na Avenida Brasil, ligando, inicialmente, o Caju a Deodoro. Em canteiros nos bairros de Bonsucesso, Manguinhos e Vista Alegre, o atraso chega a 11,76% dos serviços. O consórcio ainda pode recorrer.
Um dos trechos com atrasos é o mesmo onde, na quinta-feira, ocorreu um acidente: o motorista de um ônibus que seguia em direção ao Centro perdeu a direção e invadiu as pistas em sentido contrário, atingindo e matando um soldado da PM que pilotava uma motocicleta. A demora na liberação da pista provocou um nó no trânsito do Rio, com reflexos em cidades vizinhas, como Niterói e São Gonçalo.
VIOLÊNCIA SERIA PROBLEMA
Oficialmente, o motivo do atraso teria caráter exclusivamente técnico, ligado à complexidade da execução dos serviços num dos principais corredores de tráfego da cidade. Fontes ligadas ao projeto, no entanto, afirmaram ao GLOBO que os operários estariam enfrentando dificuldades para trabalhar principalmente à noite, devido a ameaças de traficantes do Complexo da Maré. A prefeitura e o consórcio negaram que a violência seja um empecilho. Já a Secretaria de Segurança informou não ter recebido qualquer denúncia em relação a obra.
Por meio de sua assessoria, o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, informou que a aplicação de multa é uma prática rotineira no acompanhamento de contratos. Disse ainda que o atraso no cronograma pode ser recuperado. Segundo a secretaria, a multa foi aplicada por atrasos na modernização da rede de drenagem na altura dos bairros de Manguinhos e Vista Alegre. Os prazos também não foram cumpridos em alguns serviços realizados na via entre as passarelas 2 e 6 e também no trecho onde será construído um viaduto que ligará o Transbrasil ao BRT Transcarioca (Barra-Fundão).
O Consórcio Transbrasil preferiu não se manifestar sobre a multa. A empresa tem até a próxima quinta-feira para justificar os atrasos e tentar anular a punição. O consórcio é formado é formado pelas empresas Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão, citadas na Operação Lava Jato. A Secretaria de Obras negou que o envolvimento das empreiteiras com o escândalo tenha relação com os atrasos. Segundo o município, cerca de dois mil operários trabalham nos canteiros da obra.
CONCLUSÃO ATÉ O FIM DE 2017
Os trabalhos de implantação do BRT Transbrasil começaram no fim do ano assado. O corredor chegou a ser anunciado pela prefeitura como um dos projetos de mobilidade urbana para os Jogos Olímpicos. No entanto, o cronograma foi revisto. A previsão agora é que os serviços sejam concluídos até o fim de 2017.
O custo total é de R$ 1,4 bilhão e inclui a implantação de 16 estações ao longo de 23 quilômetros. No trecho que vai do Trevo das Margaridas ao Caju, haverá duas faixas destinadas ao BRT. Por isso, uma nova está sendo construída nas pistas centrais, para que sejam mantidas as três existentes atualmente para o restante dos veículos. Do Trevo das Margaridas até Deodoro, uma faixa de trânsito já existente será segregada para a passagem dos ônibus articulados. Em Deodoro, haverá uma ligação com o BRT Transolímpico, que também se encontra em construção. Ele ligará Deodoro à Barra da Tijuca e ao Recreio dos Bandeirantes e terá também pistas para carros de passeio, com cobrança de pedágio.
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