19/06/2013 - G1
Passagem de ônibus volta a custar R$ 2,75, mas prefeitura paga diferença.
Demais transportes terão valor antigo a partir da próxima sexta-feira (21).
Do G1 Rio
O aumento da tarifa de ônibus na capital do Rio de Janeiro, bem como o das tarifas de trem, metrô e barcas do estado, foi suspenso, conforme anunciou o prefeito Eduardo Paes em entrevista coletiva nesta quarta (19).
O passageiro de ônibus no Rio de Janeiro não pagará mais a tarifa de R$ 2,95, que ficou R$ 0,20 mais cara desde o último dia 1º. O valor antigo de R$ 2,75 volta a valer já na quinta (20), até mesmo para os veículos com ar condicionado. No entanto, a própria prefeitura vai pagar a diferença e, segundo informações oficiais, o impacto nos cofres públicos será de R$ 200 milhões por ano.
A Prefeitura vai arcar com os 20 centavos da passagem, que serão pagos com dinheiro público, e Paes convocou a população para ajudar a dividir o prejuízo. "Ainda vamos estudar como isso vai ser feito. Vamos ter que pressionar o Congresso para que medidas sejam tomadas e os custos sejam repartidos".
Redução nos preços da passagem de trem, metrô e barcas
A anulação do aumento das tarifas de metrô, trem e barcas será publicado, segundo o Governo do Estado, no Diário Oficial na quinta-feira (20), mas só passará a valer na sexta (21). A tarifa do metrô cai de R$ 3,50 para R$ 3,20. A de trens, de R$ 3,10 para R$ 2,90. A de barcas, com bilhete único, de R$ 3,30 para R$ 3,10. Sem bilhete único, de R$ 4,80 para R$ 4,50.
A decisão, segundo Paes, foi tomada em conjunto com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. De acordo com o prefeito do Rio, a conversa entre os dois já vinha acontecendo há algum tempo. "A redução é uma forma de mostrar respeito às pessoas que foram às ruas para protestar. É um direito da população se manifestar e mostrar seus pontos", disse o prefeito carioca.
Histórico do aumento
A tarifa dos ônibus aumentou no dia 1º de junho de R$ 2,75 para R$ 2,95. Após o reajuste, os cariocas realizaram cinco manifestações repudiando o reajuste na cidade. O primeiro protesto levou aproximadamente 2 mil pessoas ao Centro do Rio, no dia 6. Nesta segunda (17), 100 mil pessoas foram ao Centro para se manifestar. A caminhada foi pacífica em grande parte do tempo. No entanto, um grupo de 300 pessoas mais radicais iniciou um confronto com a Polícia Militar e ateou fogo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Pelo menos 29 pessoas ficaram feridas.
Inicialmente, o grupo repudiava apenas o aumento da passagem. Em seguida, as manifestações começaram questionar os gastos excessivos com a Copa do Mundo e a falta de investimento em saúde e educação. Outras diversas cidades do Brasil também aderiram o protesto. Além do Rio, milhares de pessoas foram às ruas em capitais como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Porto Alegre.
Aberto ao diálogo
Na terça-feira (18), o prefeito Eduardo Paes afirmou que estava aberto a receber os manifestantes do Rio para negociar o valor da passagem de ônibus. Em entrevista ao RJTV, Paes não descartou diminuir o preço da tarifa e admitiu que a qualidade do transporte público na cidade é ruim. "Toda vez que a gente abre o diálogo, a gente tem que estar aberto a todas as possibilidades. Mas isso tem um custo. Se a gente for projetar pro ano é algo em torno de R$ 400 a R$ 500 milhões.", disse o prefeito.
Além do reajuste no valor da passagem de ônibus, os manifestantes querem investimentos na melhoria do transporte do Rio. Paes admitiu que a qualidade do serviço é ruim, mas disse que a prefeitura está investindo no setor. "É um transporte hoje, e eu admito isso, de muito pouca qualidade. São muitos anos sem investimento no Rio de Janeiro. Nós temos o bilhete único de R$2,95 que serve para duas viagens. A prefeitura do Rio já inaugurou um BRT e vai inaugurar mais três nos próximos três anos e está investindo", disse Paes.
O prefeito classificou as manifestação no Rio como legítimas e falou sobre as críticas ao seu mandato. "(As manifestações) começam com a questão da tarifa de ônibus, mas tratam de outros temas que claramente incomodam a população. Na função que eu estou, e que ocupo há quatro anos e meio, eu aprendi que as críticas são fundamentais para a gente se aprimorar e a gente têm que ouvir", explicou Paes.
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