07/10/2010 - O Globo - Bairros.com
Na Associação Bosque Marapendi (ABM), são 30 ônibus; no Rio 2, 25; no Parque das Rosas, 15; no Novo Leblon, seis. Com a Linha 4 do Metrô ainda bem longe no horizonte e um transporte público que deixa a desejar, aumenta o número de condomínios e associações da Barra e de bairros vizinhos que oferecem aos seus moradores um meio de locomoção mais seguro e veloz. O grande número de veículos desse porte levanta dúvidas sobre o seu real impacto no trânsito da região. Em conversa com síndicos e especialistas, porém, O GLOBO-Barra encontrou consenso num ponto fundamental: houvesse um transporte coletivo de qualidade, a situação seria outra.
Para o engenheiro civil e oceanógrafo David Zee, vice-presidente da Câmara Comunitária da Barra, este é um mal necessário no trânsito da região. Ele argumenta que, se os ônibus de condomínio não existissem, uma quantidade ainda maior de carros sairia às ruas do bairro todos os dias.
— Há um problema sério de transporte público na Barra. Por isso, boa parte da população prefere pegar o seu carro para ir ao trabalho ou fazer qualquer outra atividade. O ideal seria um bom transporte de massa para atender os moradores. Atualmente, no máximo 20% deles utilizam os meios disponíveis — critica.
Para Zee, porém, não precisaria haver tantos ônibus de condomínio — ou, pelo menos, os veículos não precisariam fazer tantas viagens por dia. Ele diz que os ônibus são importantes em determinados momentos (como na manhã e no fim da tarde), mas que, noutros horários, muitos trafegam praticamente vazios, o que contribui para piorar o trânsito:
— O serviço é necessário, mas tenho minhas dúvidas sobre se o seu custo é válido para os condomínios. Trata-se de um gasto imenso, e a esmagadora maioria, acredito que cerca de 90% dos moradores, não o utiliza. Os danos ao meio ambiente também são uma preocupação minha. Afinal, a Avenida das Américas é uma das vias do Rio que mais produzem poluição do ar.
O engenheiro de tráfego Celso Franco, morador do Jardim Oceânico e ex-diretor do Detran, concorda. Ele diz que, se a oferta de transporte público fosse melhor, não só os ônibus de condomínios seriam desnecessários, como poucas pessoas sairiam de casa com seus carros.
— Pudera eu usar esses ônibus confortáveis, seguros e com horário certo de saída. Tenho que esperar horas para conseguir pegar um, e ainda corro o risco de ser assaltado — lamenta Franco.
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