Corredores

A Ligação Estrada de Ferro - Leblon, via Copacabana

Parte 2

A inauguração da primeira linha de ônibus motorizado da cidade, pela Empreza Auto Avenida em 1908, ligando a Praça Mauá ao Palácio Monroe, marca o início do fim do monopólio da Light no sistema de transporte coletivo.

A Empreza Auto Avenida teve rápido crescimento. Ainda em 1908 inaugura sua segunda linha de ônibus, ligando a Estação Dom Pedro II às Barcas. No final de 1911 inaugura a primeira linha de ônibus da Zona Sul, ligando a Avenida Central à Praia Vermelha, com ponto final junto ao Ministério da Agricultura. Em poucos anos, a empresa com frota de 27 ônibus já explorava uma ampla rede, com linhas pra Tijuca, Laranjeiras, Largo dos Leões e Copacabana.

Ainda não havia uma linha de ônibus direta, entre a Estrada de Ferro e a Zona Sul. A Linha Mauá-Copacabana, inaugurada em 1913, circulava com intervalos de 30 minutos. Os bairros da orla oceânica da zona sul ainda estavam no início de sua ocupação.

Por sorte da Light, a alta do preço da gasolina, obrigou a Empreza Auto Avenida encerrar suas atividades no final de 1915. A cidade acabou ficando sem o serviço de ônibus entre 1916 e 1917. Mas a Light, o grande grupo canadense monopolista, não tinha dormido no ponto. Em 1918, adquire a concessão da primeira linha de ônibus elétrico a bateria da cidade. Talvez pensando em ficar livre da flutuação do preço da gasolina importada. Afinal, eletricidade era com ela.

Em 1924, acontece um fato memorável, é inaugurada a primeira linha de ônibus da Empreza Nacional Auto Viação, entre a Praça XV e Villa Isabel. Em pouco tempo são inauguradas as primeiras linhas diametrais da cidade, também conhecidas como linhas duplas, entre Villa Isabel e o Largo dos Leões, Muda da Tijuca ao Leblon, Andarahy ao Balneário da Urca, São Christóvão – Leme, e Villa Isabel – Cosme Velho. Boa parte de suas linhas seguiam pela Avenida do Mangue, atual Presidente Vargas, passando ao lado da Estação Dom Pedro II, inclusive a Linha Muda da Tijuca – Leblon, com itinerário semelhante a atual Linha 415 (Usina – Leblon) da Alpha. A Empreza Auto Viação que teve rápido crescimento, contando com mais de 100 carros, decreta falência em 1932, após o morte de seu fundador, o empresário português Manoel Ferreira Lopes.

Em 1926, a Auto Viação Maracanã, inaugura a linha Muda da Tijuca – Leme, via Estrada de Ferro, concorrendo com a Auto Viação. A linha também não durou muito tempo, pois foi extinta em 1931, junto com a empresa.

Em função da concorrência dos ônibus, a Light reage e inicia o processo de compra de empresas de ônibus, visando o controle do sistema de transporte coletivo, principalmente na região da central da cidade (zonas Norte e Sul). Além de comprar empresas, a Light organiza uma novo serviço de ônibus, com o nome fantasia de Viação Excelsior. Em 1926, inaugura a linha de ônibus Mauá – Copacabana. Em dezembro de 1927, é inaugurado o serviço expresso na mesma linha, com apenas 4 paradas intermediárias entre a Cidade e o Forte de Copacabana. Em fevereiro de 1928, lança o bilhete de baldeação gratuita, permitindo a integração de suas linhas da Zona Norte, que passavam na Estrada de Ferro, com as linhas da Zona Sul.

Em 1931, com o fim das linhas diametrais da Empreza Auto Viação e da Viação Maracanã, a população ficou sem ligação direta entre a Gare Dom Pedro II e os promissores bairros da Zona Sul. Mas não seria por muito tempo. Em 1932 a Viação Carioca inaugura a Linha Muda da Tijuca - Leblon.

Em 1933 a Viação Elite inaugura a Linha Estrada de Ferro – Urca, com frota de 8 ônibus e preços populares. O nome da empresa era Elite, mas foi uma das primeiras empresas a realmente popularizar o uso dos ônibus na cidade. A Linha Estrada de Ferro – Urca, numerada para 13 em 1937, se tornou uma das mais importantes da Zona Sul.

Os bairros da orla oceânica ainda estavam sem ligação direta pra Estrada de Ferro. Finalmente, entre 1936 e 1937, a Empresa Interestadoal de Omnibus de Luxo Ltda. Limousine Federal inaugura a Linha 12 (Estrada de Ferro – Ipanema) que teve longa duração, funcionado até os dias de hoje. Em 1950, a linha é prolongada até o Leblon, voltando a fazer ponto final na praça General Osório entre 1955 e 1956. Em 1963 a Limousine Federal troca a razão social para Viação Taruman. Em 1964, seguindo novo Plano de Transportes, a Linha 12 (Estrada de Ferro-Leblon) é renumerada, ganhando a vista 125 (Estrada de Ferro-General Osório) via Aterro. No mesmo ano a Taruman cria a linha variante 122 (Estrada de Ferro-General Osório) via Praia do Flamengo. Em 1968, com o fim da Viação Taruman, as linhas 122 e 125 são repassada pra Transportes Uruguay, sendo que a linha 122 é extinta em 1969. Com o fim da Uruguay em 1986, a Linha 125 (Estrada de Ferro-General Osório) é repassada pra Viação Verdun, do mesmo grupo empresarial. Em 1996, a partir da cisão da Verdun, é criada a Viação Saens Peña S.A que, entre outras linhas, assume a 125 (Estrada de Ferro-General Osório). Em 2012 a Saens Peña muda a razão social para Viação Nossa Senhora das Graças. Em outubro de 2015, a linha é renumerada para 100, ganhando a vista Troncal 1 (Estrada de Ferro-General Osório), passando a ser operada em “pool” com a Real Auto Ônibus.

Carro da Empresa Interestadoal Omnibus de Luxo adquirido em 1948 para operação na Linha 12 (Estrada de Ferro - Leblon)




Linha 12 (Estrada de Ferro-Leblon) em 1950. Revista Brasil Constrói.

Linha 125 (Estrada de Ferro - General Osório) da Viação Taruman na rua Primeiro de Março, por volta de 1967, ao lado de um carro da Linha 184 (Estrada de Ferro-Laranjeiras) da Empresa Municipal de Ônibus


Mas a Limousine Federal não operou sozinha o trecho Estrada de Ferro – Leblon, via Copacabana. Na década de 1940, com a crise dos transportes provocada pela segunda guerra, surgiu o serviço de auto-lotação, operado por empresas e proprietários individuais. Os lotações Estrada de Ferro-Leblon, via Copacabana, só foram extintos em 1958.

Entre 1947 e 1948, a Viação Relâmpago inaugura a linha 114 (Estrada de Ferro – Leblon) via túnel Novo e Lagoa. Com o fim da viação Relâmpago, em 1955 a Viação Maracanã, que já explorava a linha de lotação Estrada de Ferro-Leblon, assume a linha. Em 1963, seguindo o novo Plano de Transportes, a Linha 114 (Estrada de Ferro – Ipanema) da Viação Maracanã é renumerada, ganhando a vista 144 (Estrada de Ferro – Jardim de Alá), sendo extinta em meados de 1966.

Outra empresa de sucesso foi a Transportes São Bento, que começou no início da década de 1950 explorando a linha de lotação Estrada de Ferro – Leblon, transformada em linha de ônibus em 1957, com a vista 20 (Estrada de Ferro – Leblon) via túnel Novo. Em 1964, seguindo novo Plano de Transportes, a Linha 20 (Estrada de Ferro – Leblon) é renumerada, ganhando a vista 132 (Estrada de Ferro – Leblon), sendo transferida pra Alpha em 1968 e pra Real Auto Ônibus no início da década de 1980. Em 2015 a linha é renumerada para 106, ganhando a vista Tronca 3 (Leblon – Central).

A Real Auto Ônibus começou a explorar o trecho em 1953, com uma linha de lotação, entre o Hospital dos Servidores e Copacabana, via Estrada de Ferro. Em pouco tempo ganhou a concessão da Linha 112 (Hospital dos Servidores – Copacabana), um serviço variante da Linha 12 (Estrada de Ferro – Leblon), operado pela Limousine Federal entre 1955 e 1956. Em 1964, a linha é renumerada, ganhando a vista 121 (Estrada de Ferro – Copacabana), sendo extinta em 2015.

Hoje a Troncal 01 (Central – General Osório) é uma das principais linhas da Zona Sul, mantendo-se em operação com boa frequência, mesmo após a chegada do Metrô em Copacabana e Ipanema.

Parte 1


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