São Salvador dos Campos


Histórico

Em 1627, por ordem da Coroa Portuguesa, a Capitania de São Tomé foi dividida em glebas, doadas a sete capitães portugueses, alguns deles donos de engenho na região da Guanabara, efetivando o início da ocupação do norte do Estado. Em 1630, é fundada oficialmente a cidade de Macaé, por jesuítas, que edificam a capela de Santana , um colégio e um engenho, no local posteriormente conhecido como Fazenda dos Jesuítas. Em 1633, visando desenvolver a criação de gado na região, são construídos currais para gado, num local próximo da Lagoa Feia e da Ponta de São José.  Em 1650 são instalados os primeiros engenhos no atual município de Campos dos Goytacazes, lançando o desenvolvimento econômico do norte do Estado. Em 1677 é fundada a vila de São Salvador dos Campos dos Goytacazes, elevada à categoria de cidade em 28 de março de 1835.

Nos anos de 1700 é aberta a Estrada Geral entre Niterói e Campos, passando por São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito e Macaé.

Na década de 1750, no início do "Ciclo da Cana de Açúcar", o açúcar era exportado pelo porto de São João da Barra. O transporte até o porto era realizado com carros de boi, resistentes aos atoleiros. Mais tarde, em 1875, o porto de São João da Barra é substituído pelo porto de Imbetiba, em Macaé, após a construção do ramal ferroviário entre Campos e Macahé.

Em janeiro de 1826, início da abertura de uma nova estrada entre Macaé e São Salvador (atual Campos), visando comunicar São Salvador com a Côrte, passando por Macaé. Em julho, a estrada estava quase terminada, faltando apenas a construção de duas pontes. Dez  anos depois, devido a falta de manutenção, a estrada se torna intransitável, se transformando num extenso pantanal, cheio de atoleiros.

No dia primeiro de outubro de 1844, início da construção do canal Campos - Macahé, para o transporte de cargas até o mar.

Em 1873, é  inaugurada a primeira ferrovia em Campos, para São Sebastião, a sede do 4º Distrito, para escoamento da produção açucareira. No dia 13 de junho de 1875 é inaugurada a ferrovia entre Campos e Macaé, com 96,5 km de extensão. Em 1879 é inaugurada a ferrovia de Campos a Carangola.

Em 1883, a cidade de Campos dos Goytacazes torna-se a primeira cidade da América do Sul a dispor de sistema elétrico de iluminação pública. Em 1889, a Vila de São José do Avaí, importante centro de pujante zona cafeeira, é elevada à categoria de cidade, com o nome de Itaperuna, não fazendo mais parte do município de Campos dos Goytacazes, que perde a metade de sua área. O desenvolvimento da cultura cafeeira contribuiu para o desenvolvimento econômico de Itaperuna, que se transforma num sub-centro regional, atrás somente de Campos. Em 1927 a região era a maior produtora de Café do Brasil. 

Omnibus

Em 1926, por iniciativa do empresário Antonio Gomes de Azevedo Sobrinho, é inaugurada a primeira linha de ônibus de Campos dos Goytacazes, ligando a sede do Município ao distrito de Tocos.

No início de 1939, entrega do primeiro trecho da rodovia litorânea Niterói-Campos (atual Amaral Peixoto) ainda sem pavimentação, até Cabo Frio, aproveitando trechos de estradas existentes.

Em 1940, o secretário de Viação e Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro autoriza à Comissão de Estradas de Rodagem a assinar contrato com a Companhia Nacional de Melhoramentos, encarregando-a da construção do trecho Macaé - Campos da Rodovia Amaral Peixoto. A empresa compromete-se a entregá-lo em setembro de 1940.

Em fevereiro de 1941, é iniciada  a pavimentação da rodovia Niterói – Campos, num trecho experimental,  onde foram testados três tipos de pavimentos: Asphalto, Piche e pedra misturada com asphalto. O tipo de pavimento escolhido será aplicado no trecho Niterói – Rio Bonito. No mesmo mês é inaugurada a ponte de concreto sobre o Rio Mataruna, em Araruama.  

Em abril de 1941, prosseguem as obras de implantação da Rodovia Amaral Peixoto no trecho Macaé-Campos, com 290 km de extensão, sendo decidido seu prolongamento até Itaperuna.

Em 1942, conclusão da construção da rodovia Niterói – Campos (RJ-5), via litoral, ainda sem pavimentação.

No dia 15 de maio de 1943, na mesma época da abertura da Rodovia Niterói - Campos, via litoral, que ainda não estava pavimentada, a Viação Santo Antônio inaugura a linha de ônibus Niterói - Campos, primeira linha intermunicipal da cidade de Campos dos Goytacazes. Mais tarde a linha é transferida para a Viação 1001 que a repassa para a  Útil, e esta novamente à 1001.

Em maio de 1943, inauguração oficial da rodovia Niterói - Campos, ainda não pavimentada, via Rio Bonito, Porto de Bananeiras, Fazenda dos Quarenta, Patos, Elesbão, e Ururai, atravessando os municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito, Capivari, Casimiro de Abreu, e Macaé, aproveitando 60 km de estrada já existente entre Niterói e Rio Bonito. Em 1958, a rodovia Niterói - Campos (via Rio Bonito), a partir de Niterói, só se encontrava pavimentada até Venda das Pedras.

Em janeiro de 1952, são iniciados os estudos de implantação dos ônibus elétricos.

No dia 23 de abril de 1952, finalmente é inaugurada a terceira ponte sobre o Rio Paraíba do Sul  integrante da rodovia BR-5 (Rio-Vitória-Salvador). As obras foram inciadas em 1950. A primeira, de estrutura metálica, estreita e que permitia a passagem de veículos num sentido por vez, foi construída na época do Império pelo Barão da Lagoa Dourada, e a segunda, a ponte ferroviária da Estrada de Ferro Leopoldina construída em 1908.

Em junho de 1957, circula o primeiro trólebus. O sistema contava com 27 km de rede bifilar, 3 linhas e 9 veículos de segunda mão transferidos do sistema de trólebus Niterói. O sistema é extinto em 1967, no dia 12 de junho. Os nove veículos remanescentes são vendidos como sucata para a Usina de Volta Redonda. As duas subestações e parte da rede aérea são vendidas para o sistema de Araraquara.

Até a década de 1960 a ligação rodoviária Niterói – Campos era feita pelo litoral, via Araruama, São Pedro d'Aldeia e Macaé, sendo pavimentado somente o trecho entre Niterói e São Pedro d'Aldeia. O trecho seguinte até Campos só foi pavimentado no final da década de 1960, fazendo o tempo de viagem de ônibus cair de sete horas e meia para seis horas. Com a conclusão da pavimentação da rodovia BR-101,  entre Rio Bonito e Fazenda dos Quarenta,  o tempo de viagem de ônibus passa  para cerca de 4 horas.

Em 1962, no dia 28 de março, inauguração do terminal rodoviário intermunicipal Roberto Silveira.


Rodoviária Roberto Silveira no início da década de 1960


No dia 6 de agosto de 1963, inauguração da pavimentação da rodovia RJ-31, no trecho  Campos - São João da Barra-Atafona, com 41 km de extensão.

Em novembro de 1964,  inauguração da ponte da Lapa, sobre o rio Paraíba do Sul.

Os bondes da cidade de Campos foram desativados na medida que eram substituídos pelos ônibus a diesel do Serviço de Viação de Campos (SVC). Algumas linhas foram, a princípio, substituídas por ônibus elétricos franceses, de marca Vetra, adquiridos de segunda mão da cidade de Niterói. O antigo depósito dos bondes, da rua Tenente Coronel Cardoso,  foi transformado na garagem da CTC. No dia 15 de novembro de 1964, circulou o último bonde em Campos, na linha do Caju.

Em 1965, a rodovia RJ-3, Manilha- Campos (via Casimiro de Abreu) se encontrava pavimentada somente até Rio Bonito. Enquanto a ligação Niterói - Campos (via litoral) se encontrava pavimentada somente até Macaé, com 179 km de extensão. O trecho de Campos até a divisa do Espírito Santo, da BR-101,  já se encontrava pavimentado. 

Em 1967, finalmente é pavimentado o trecho Campos - Itaperuna, da BR-040.

Em 1970, no dia 17 de dezembro, inauguração do primeiro posto de serviços da Rede Flecha, em Campos, considerado o primeiro posto de apoio rodoviário do país.

Em 1971, a  empresa Útil - União Interestadual de Luxo S.A. - explorava a linha Rio de Janeiro - Campos.

Em novembro de 1972, é concluída a pavimentação de trecho da atual Rodovia RJ-216, entre Farol de São Tomé e Santo Amaro de Campos. Na mesma época é aberta ao tráfego a pavimentação do trecho Silva Jardim – entrocamento da BR-101, da atual RJ-140. 


Rodoviária de Campos na década de 1970
Cartão Postal


No dia 19 de outubro de 1978, o DER entrega 79 quilômetros de estradas asfaltadas no norte do Estado do Rio de Janeiro, sendo 48 km na ligação Campos – São Fidélis (RJ-158), e 31 km no trecho Travessão – São Francisco de Itabapoana, da RJ-224.

CTC - Campos
Passageiros Transportados

1975 -   4.205.829, 6 linhas
1976 - 13.719.410, 6 linhas
1977 - 15.068.073, 6 linhas
1978 - 16.673.432

Em agosto de 1987, a CTC com 43 ônibus e 7 linhas, tinha apenas 18 ônibus em circulação, quando deveria ter o dobro. A Linha 7 (Usina Santo Antônio - Pecuária), por exemplo, contava com apenas 2 ônibus em circulação, quando deveria ter 6.

No dia 15 de setembro de 1987, em função da situação caótica da CTC, o Prefeito José Barbosa autorizou, a título precário, que algumas empresas de ônibus cobrissem determinados  horários da CTC. A empresa Conquistense passa a cobrir a linha 7 (Usina Santo Antônio - Pecuária), a Viação São João assume a linha Centro - Pecuária, e a Esperança a linha de Nova Brasília.

Em janeiro de 1988, o Governador do Estado do Rio de Janeiro, Moreira Franco, oferece a CTC à Prefeitura de Campos. 

Em abril de 1988, a CTC, em crise financeira, dispensa 11 motoristas de ônibus.

Em, 13 de setembro de 1990, é inaugurado o terminal rodoviário urbano junto à Praça São Salvador, no Centro.

Em 1995, inauguração do terminal rodoviário Shopping Estrada, junto à rodovia BR-101.

Em 2001, a cidade de Campos contava com 21 mil pessoas morando em favelas. Por volta do mesmo ano, são inauguradas as primeiras ciclovias nos canteiros centrais de algumas avenidas. Em 2006 é inaugurado o Centro de Convenções de Campos dos Goytacazes.

Em 2007, no dia primeiro de maio, é aberto ao tráfego, ainda que parcialmente, com uma faixa, a Ponte Rosinha Garotinho, com 730 metros de extensão, construída sobre o Rio Paraíba do Sul.

No dia 3 de junho de 2007, implosão da ponte General Dutra da Rodovia BR-101, sobre o rio Paraíba do Sul, interditada desde as enchentes de janeiro.

Em 2008,  em janeiro, início da operação do sistema de bilhetagem eletrônica em 345 linhas, 273 veículos e 14 empresas.

Empresas de ônibus municipais

São João
Geratur
Tamandaré
Conquistense
São Salvador
Jacarandá
Rogil
Progresso
Siqueira

Em 2017, na primeira quinzena de maio, a Concessionária Autopista Fluminense entrega dois novos trechos de pista duplicada da Rodovia BR-101, totalizando 16 km, o primeiro trecho, entre o Km 253 e Km 261, nas regiões  de Rio do Ouro, Mangueira, Jacuba e Lavras, no município de Rio Bonito, e o segundo trecho, entre o Km 93 e o Km 102, na região de Caxeta, no município de Campos dos Goytacazes. A Autopista Fluminense passa a contar com 63,3% da obra de duplicação concluída. Já foram entregues, desde o início da concessão em 2008,  111 km de pistas duplicadas, sendo 52,7 km entre Campos e Macaé, e 59 km entre Casimiro de Abreu e Silva Jardim.

Em 27 de agosto de 2021, em dificuldades financeiras desde o fim do sistema alimentador, a empresa Auto Viação Turisguá encerra suas operações.

Antigas empresas de Ônibus

Esperança
Companhia de Transportes Coletivos - CTC
Conquistense
Serviço de Viação de Campos - SVC
Viação São João


REFERÊNCIAS:

Campos, Ônibus Elétricos. Diário de Notícias. 1952, janeiro, 29. Primeira Seção, segunda página.  

Para onde foram os bondes de Campos. Monitor Campista. 1987, março, 19. Página 3.

CTC quer renovar toda a frota. Monitor Campista. 1987, agosto, 8. Primeira página.

Colapso na CTC abre espaço para empresas privadas. 1987, setembro, 16. Primeira página.

Moreira Franco oferece CTC à Prefeitura. Monitor Campista. 1988, janeiro, 20. Primeira página.

Crise obriga CTC a dispensar motoristas. Monitor Campista. 1988, abril, 26. Primeira página.

Empresa Turisguá retira ônibus das ruas e encerra atividades. Campos em Foco. 27 agosto 2021.

Página lançada em 4 de maio de 2018. 

Comentários

uelinton ornelas disse…
Olá Marcelo quero parabeniza-lo pelo excencenle post,foi muito interessante saber sobre a histora do sistema rodoviario do estado do rio.
queria muito pode ter visto as fotos antigas da rodoviaria Roberto silveira.