15/05/2017 - O Globo
Trajetos extintos ou encurtados poderão ser reativados até junho
Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Retorno. O ponto final do 284, antigo 484: ônibus pode voltar a antigo trajeto, de Olaria a Copacabana - Fabiano Rocha / Agência O Globo
POR BRUNO ALFANO E PEDRO ZUAZO
RIO - O prefeito Marcelo Crivella pretende entregar até o mês que vem um plano de reorganização das linhas de ônibus. A racionalização dos trajetos, promovida durante o governo de Eduardo Paes, foi suspensa por decreto pela atual administração. Na semana passada, alguns trajetos começaram a sofrer alterações, ainda em fase de testes. De acordo com a Secretaria municipal de Transportes (SMTR), é grande o número de reclamações de usuários contra as alterações feitas na gestão anterior, e estão em análise alguns pedidos da população para a volta de linhas que foram extintas ou encurtadas.
— As pessoas me cobram nas ruas. Na Zona Sul, os usuários se confundem, reclamam muito que não têm o (ônibus) 571, o 572. Na Zona Oeste, reclamam também. A SMTR está fazendo consultas junto às empresas e ao público. Espero que, no máximo até junho, a gente já possa resolver isso. Realmente estamos devendo isso para a população do Rio — afirmou Crivella neste domingo, durante uma visita à Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no Centro.
QUEDA NO MOVIMENTO
Segundo a SMTR, a extinção da linha 484 (Olaria-Copacabana), substituída pela 284 (Olaria-Candelária), é o maior alvo de reclamações. Por isso, ela deve ser a primeira a ser recriada. A proposta foi comemorada por passageiros e até motoristas, cansados de ouvir lamentações dos usuários.
— As pessoas se queixam todos os dias. A gente recebe reclamações por uma culpa que não tem. A volta da 484 vai ser útil para a população, se mantiver o trajeto original. Não sei por que acabaram com ela. Era uma linha que transportava muita gente, só andava cheia. O movimento de passageiros caiu muito com a mudança — diz Geraldo Ismael, ex-motorista da 484 que, desde dezembro, trabalha na 284.
Criadora do movimento “Quero meu ônibus de volta”, apoiado por quase 8 mil internautas em uma página no Facebook, a jornalista Luciana Guerra Malta prefere esperar um anúncio oficial do município para festejar:
— Espero que as linhas extintas realmente voltem e que as encurtadas retomem seus trajetos originais. As pessoas se queixam muito das baldeações. E tem outro problema: com a redução da frota, as pessoas estão ficando desassistidas em diversos horários, sobretudo à noite, quando a situação dos transportes públicos é mais dramática.
Professor de Engenharia de Transportes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), José de Oliveira Guerra diz que a organização das linhas deve ser totalmente repensada.
— Não precisa ser, necessariamente, um retorno ao estágio anterior. Se eu fosse o secretário, faria tudo de novo, e não apenas baseado nas reclamações da população, mas principalmente em um planejamento global. É preciso fazer estudos de forma que a rede atenda ao geral e ao setorial ao mesmo tempo.
José Eugênio Leal, que é professor de Engenharia de Transportes da PUC-Rio, afirma que, além de repensar os trajetos, é preciso considerar outros aspectos:
— É importante garantir que o Bilhete Único funcione sem limite de transbordo dentro de certo período, porque isso é o que mais atrapalha as pessoas. O passageiro não consegue chegar ao destino com apenas um transbordo. Se isso fosse resolvido, apesar do desconforto, ele chegaria ao destino final.
Em nota, a SMTR afirma que foi feito um diagnóstico sobre o atual panorama do transporte coletivo municipal, e que está dando andamento à suspensão da racionalização. (Colaboraram Geraldo Ribeiro e Renan Rodrigues)
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