04/09/14 - Extra
Leni Nascimento , de 30 anos, tem de pegar dois ônibus para ir para o trabalho Foto: Fabiano Rocha / EXTRA
Cíntia Cruz
Implantadas, entre outros motivos, para reduzir o tempo gasto pelos passageiros no trânsito, as linhas alimentadoras dos BRTs criaram uma vilã aos olhos de alguns usuários: a baldeação. Muita gente que antes pegava apenas um ônibus para ir ao trabalho, agora precisa embarcar em até três coletivos. Além disso, a espera pela próximo coletivo, por mais rápida que seja, soma tempo ao total da viagem.
É o caso da vendedora Leni Nascimento, de 30 anos, moradora da Colônia, em Jacarepaguá. Desde junho, ela sofre com a troca de condução a caminho do trabalho, no Barra Shopping:
— Antes de reduzirem o itinerário da linha 832 (Colônia-Joatinga), eu descia direto no shopping. Desde que a linha passou a ser 832A, o ponto final passou para o Hospital Sarah Kubitschek. Desço na estação Taquara e pego outra alimentadora, a 991.
Com o novo caminho, Leni perde mais tempo no trânsito. Mesmo assim, se recusa a utilizar o BRT Transcarioca.
— Desço na estação Taquara, mas não pego o BRT porque é muito cheio. Além disso, teria que descer na estação Alvorada e pegar mais um ônibus. Desde que a linha foi substituída, levo, no mínimo, meia hora a mais para chegar no trabalho.
Em alguns casos, o passageiro não tem a opção de escapar do BRT.
— Pegava o 763 para ir de Santa Maria para Madureira. Agora, com a alimentadora 963A (Santa Maria-Taquara), tenho que pegar o BRT — disse um usuário, que quis se identificar apenas como Patrick.
Sem transtorno
Par a engenheira de Transportes da Escola Politécnica da UFRJ Eva Vider, a baldeação deve causar o menor transtorno possível:
— Precisa se dar de uma forma humana, com lugares seguros, protegidos, porque, para quem está acostumado a pegar um ônibus só, é um transtorno a baldeação. As (linhas) alimentadoras devem ser desenhadas geograficamente e calculadas em cima de quantidade e frequência.Em nota, o Consórcio BRT informou que "a criação das alimentadoras segue a lógica de racionalização do sistema de ônibus no município, onde linhas convencionais são extintas ou têm itinerários reduzidos. Em tese, o sistema não foi criado para prejudicar passageiros. Se alguma situação real existe, vamos ver como se chegar a uma solução".
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